22 abr, 2020 - 12:56 • Inês Braga Sampaio
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A diretora-geral da Saúde admitiu, esta quarta-feira, que, no boletim emitido a 19 de abril, caíram notificações de resultados laboratoriais com quase um mês de atraso, o que explica o aumento de 35 mil no número de casos suspeitos do novo coronavírus, em 48 horas.
Na conferência de imprensa diária da situação pandémica em Portugal, Graça Freitas revelou que 40% das notificações que entraram no boletim em causa eram anteriores àquela data. A mais antiga era mesmo de 20 de março. Esse aumento exponencial deveu-se a um "enorme aumento" da notificação laboratorial, o que correspondeu a um apelo, por e-mail personalizado, que a Direção-Geral de Saúde "tinha feito a todos os laboratórios para notificarem não só os casos positivos, mas também para notificarem sempre os casos negativos".
"No dia 18 [de abril], 80% das notificações que entraram no sistema SINAVE eram laboratoriais e, destas, 40% tinham validação de exame prévia à data em que foram incluídas. A mais antiga era de 20 de março. Aconteceu um grande movimento de reporte, de notificações que não tinham sido enviadas por serem negativas. Foi esse um dos motivos de não ter havido reflexos nos casos confirmados, porque a grande maioria destas notificações era negativa", esclareceu.
Secretário de Estado da Saúde explica que intérpre(...)
Graça Freitas voltou a garantir, nesta conferência de imprensa, que "não há forma de não ter mortos registados", já que "todos os certificados de óbito são eletrónicos". Ou seja, a não ser em caso de crime, "não há nenhuma dúvida" quanto ao número de mortes por Covid-19.
A diretora-geral da Saúde revelou, ainda, que a média de mortalidade é sempre comparada "segundo o quinquénio anterior", isto é, conforme a média dos últimos cinco anos: 2015, 2016, 2017, 2018, 2019 e 2020. Esta comparação trouxe à luz um pico de mortalidade em março e abril, o que corresponde ao período em que a Covid-19 teve maior impacto:
"Em janeiro, para todas as causas e todas as idades, houve menos 689 mortes que nos anos anteriores. Em fevereiro, menos 580. Depois, em março, subiu a mortalidade: tivemos mais 542. Em abril, até ao dia 21, tivemos mais 1166. De 1 de janeiro até 21 de abril, para todo o início do ano, para todas as causas e idades, verificaram-se mais 439 mortes que nos cinco anos anteriores. Houve um pico entre o dia 24 março e o dia 4 de abril, quando houve mais mortalidade do que é habitual, que agora está a baixar, aproximando-se dos valores normais."
Graça Freitas fez, ainda, questão de assinalar que, em Portugal, para ser considerada recuperada do novo coronavírus, um paciente tem de fazer dois testes negativos com intervalo de 24 horas.
"Se não utilizássemos um critério não tão apertado, certamente já teríamos mais pessoas recuperadas", observou.
Hostel, localizado na freguesia de Arroios, foi ev(...)
Questionada sobre os residentes de um hostel, em Lisboa, que testaram positivo, segundo Conselho Português para os Refugiados, Graça Freitas garantiu que as suas cadeias de contacto estão a ser catalogadas.
"Estão a fazer-se os rastreios dos contactos que essas pessoas fizeram e já foram efetuados outros testes noutras comunidades para se ver se se encontram mais pessoas positivas. O que é uma boa notícia é que estas pessoas estão de boa saúde. Se necessário, serão transportadas para um hospital. Se não for necessário, farão a recuperação no sítio onde estão neste momento", referiu a diretora-geral da Saúde.
De acordo com o vereador da Proteção Civil da Câmara de Lisboa, foram transportados para a Base Aérea da Ota, em Alenquer, 169 cidadãos estrangeiros, dos quais 136 testaram positivo à Covid-19, sete com resultados inconclusivos e 26 com testes negativos.
Esta quarta-feira, a DGS atualizou o número de mortes pela Covid-19 para 785 e o número de infetados para 21.982. Há, ainda, 1.143 recuperados.