24 abr, 2020 - 10:17 • Pedro Filipe Silva
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Primeiro é necessário “garantir que os hospitais venham a ter mais meios de proteção individual para todos os doentes, profissionais e também para as visitas, se quisermos reativar essas vertentes”, diz o presidente da Associação dos Administradores Hospitalares face ao pedido de retoma da atividade normal dentro do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Alexandre Lourenço chama, nomeadamente, a atenção para “algumas áreas mais sensíveis, como a da maternidade”. E aponta a necessidade de redefinir a rede Covid-19.
“É necessário definir quais são os hospitais, quais os recursos em termos de camas, quais os profissionais de saúde. É importante fixar essa ‘resposta Covid’”, diz à Renascença, pedindo um olhar atento para quem está na frente de combate.
“É importante também ter em consideração que os profissionais que estão dedicados ao tratamento de doentes com Covid-19 estão sob uma enorme pressão e não será viável manter estas equipas dedicadamente nos próximos 18 meses”, avisa.
“É necessário fazer descansar as equipas e, por outro lado, treinar novas pessoas para fazer a sua substituição”, acrescenta.
Covid-19
Médicos queixam-se da burocracia que os impede de (...)
Ainda no campo da gestão de profissionais, Alexandre Lourenço alerta para a necessidade de formar novos especialistas. “Na resposta à Covid-19, para além da medicina intensiva, que foi muito esgotada, acabámos por ter necessidade de recorrer a profissionais de anestesiologia, que estavam mais preparados para esta área. É preciso incrementar a formação de novos profissionais para a resposta à Covid-19, mas também fomentar a atratividade para determinados tipos de especialidades no Serviço Nacional de Saúde”.
“Sem estas especialidades dificilmente seremos capazes de responder, por exemplo, ao nível do acesso cirúrgico”, defende, em jeito de alerta.
O presidente da Associação dos Administradores Hospitalares sugere que os hospitais com poucos casos de Covid-19 transfiram os doentes para unidades com mais capacidade de resposta.
“Os hospitais que já têm uma resposta muito diminuída na área da Covid-19, com menos de 10 doentes, deveriam focar-se apenas nos cuidados gerais e transferir, no nível de internamento, para hospitais mais preparados”.
Assim, “podem fazer um desenvolvimento da sua atividade programada, em particular em algumas áreas, por exemplo a pediatria, em que o impacto neste grupo etário não se faz sentir tanto”, afirma.
Para reduzir a lista de consultas adiadas, Alexandre Lourenço diz que muitos hospitais já começaram a aplicar o método da telemedicina. “Em alguns hospitais, mais de 2/3 das consultas foram feitas por essa via, de forma a minimizar o número de pessoas nas suas instalações”.
O representante dos administradores hospitalares pede mudanças no sistema na marcação de consultas e o alargamento do horário de funcionamento dos hospitais.
“Ainda temos alguns hospitais que pedem que os doentes venham todos à mesma hora. É necessário marcar à hora essas consultas e depois é necessário alargar o horário de funcionamento dos hospitais. Temos muitos em que o grosso da atividade é na parte da manhã. É necessário que essa atividade seja escalonada ao longo do dia para diminuir essas afluências exageradas e que vão ter impacto no controlo de infeções cruzadas”, defende.
Alexandre Lourenço acredita que o Serviço Nacional de Saúde vai conseguir dar resposta aos novos desafios. Para isso, alerta que não se pode recuar nas medidas tomadas nesta fase de pandemia.
“É exigido que exista um investimento no Serviço Nacional de Saúde. Não corramos o risco de voltar a uma política anterior, de limitar a capacidade de ação dos conselhos de administração, de desorçamentar o SNS. É claro que essa não é a via e que devemos manter o crescimento e o investimento no SNS. Se invertermos a política que tem sido seguida na resposta à Covid-19, naturalmente vamos ter mais dificuldades em responder”, conclui.
Para reduzir a lista de consultas adiadas, Alexandre Lourenço diz que muitos hospitais já começaram a aplicar o método da telemedicina. “Em alguns hospitais, mais de 2/3 das consultas foram feitas por essa via, de forma a minimizar o número de pessoas nas suas instalações”.
Pandemia de Covid-19
“Se se mantiver esta situação, acredito que daqui (...)
O representante dos administradores hospitalares pede mudanças no sistema na marcação de consultas e o alargamento do horário de funcionamento dos hospitais.
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Alexandre Lourenço acredita que o Serviço Nacional de Saúde vai conseguir dar resposta aos novos desafios. Para isso, alerta que não se pode recuar nas medidas tomadas nesta fase de pandemia.
“É exigido que exista um investimento no Serviço Nacional de Saúde. Não corramos o risco de voltar a uma política anterior, de limitar a capacidade de ação dos conselhos de administração, de desorçamentar o SNS. É claro que essa não é a via e que devemos manter o crescimento e o investimento no SNS. Se invertermos a política que tem sido seguida na resposta à Covid-19, naturalmente vamos ter mais dificuldades em responder”, conclui.