25 abr, 2020 - 16:05 • Lusa
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O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) considerou estte sábado que é essencial que os hospitais retomem as consultas e cirurgias programadas que foram suspensas devido ao Covid-19, mas sem relaxar as medidas de controlo e proteção da pandemia.
Segundo disse à agência Lusa Roque da Cunha, o SIM tem alertado, desde o início da pandemia e devido ao seu impacto, que o Serviço Nacional de Saúde (SNS), fruto da falta de investimento nos últimos anos, estava nos limites, com longas listas de espera para consultas e cirurgias para muitos portugueses.
"Por isso, é fundamental que não se esqueça que continuam a existir cancros e outras doenças que necessitam de cirurgia, enfartes de miocárdio, acidentes vasculares cerebrais, que afetam os portugueses", disse Roque da Cunha, sublinhando que é "essencial que o Ministério da Saúde altere o despacho que suspendeu as consultas e cirurgias programadas por causa do Covid-19".
Observou ainda que "não pode haver medo de recorrer aos serviços de urgência e dessa forma evitar que recorram tardiamente".
Defendeu também que é "essencial garantir a atividade programada com todos os cuidados e solicitar o apoio das entidades privadas e do setor social de forma protocolada e articulada, nomeadamente programas de recuperação de listas de espera que desde logo devem ser pagas as dívidas que o Estado tem com muitas instituições e médicos".
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Assim, "não se compreende que o hospital e centros clínicos do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas, que cobrem mais de 90.000 beneficiários, vão sobrecarregar o já frágil SNS", agravado pelo facto de "lamentavelmente terem aproveitado o estado de emergência para colocar no `lay off´ os seus trabalhadores".
Do mesmo modo, e nas palavras de Roque da Cunha, não se compreende que a Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) e o Instituto Português de Reumatologia não colaborem neste esforço.
Acerca do previsível levantamento do estado de emergência em maio, o secretário-geral do SIM referiu que, sendo esta exceção uma decisão do Presidente da República e uma "medida excecionalíssima", concorda com aquilo que é apontado como a possível cessação daquela medida.
Ressalvou ao mesmo tempo que é preciso "reforçar a exigência em não relaxar das medidas de saúde pública nomeadamente nas medidas de controlo e acompanhamento dos infetados e seus contactos, e na restrição à circulação.
"Tudo fazer para não facilitar, não baixar a guarda, não transmitir à população uma ideia de facilitismo ou que a situação está ultrapassada", vincou.
Saudando o 25 de Abril e uma das suas principais conquistas - o Serviço Nacional de Saúde -, Roque da Cunha lamentou contudo que neste período da pandemia perdure "a lei da rolha em relação aos profissionais de saúde publica, com ameaças de processo disciplinares".
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Alertou ainda que, apesar da "falta de transparência na disponibilização dos dados aos cientistas e às autarquias que têm tido papel essencial na proteção dos profissionais", nos últimos dias continuam a aumentar o número de pessoas infetadas, "muito longe da tendência sustentada para acabar".
"Foram 444 ontem e hoje mais 595 (infetados). Todas essas pessoas tem famílias e contactaram outras pessoas e os óbitos a crescerem sustentadamente e sabemos que muitos (casos) não são diagnosticados", notou ainda, para dizer que a pandemia permanece.
Assim, manter isolamento dos infetados, etiqueta respiratória, lavagem das mãos, distância social sempre e especialmente nos transportes públicos, e máscaras comunitárias para todos são requisitos exigíveis e a cumprir.
Neste domínio, apelou ainda à necessidade de garantir material de proteção adequado para os profissionais de saúde, forças de segurança e bombeiros, bem como a realização de testes aos profissionais de saúde (sempre que contactem com colegas infetados) e testes generalizados sempre que se justifique na população portuguesa.
Em sua opinião, não se deve alimentar a ideia que "em Portugal se testa em excesso".
Portugal regista hoje 880 mortos associados à Covid-19, mais 26 do que na sexta-feira, e 23.392 infetados (mais 595), indica o boletim epidemiológico divulgado hoje pela Direção-Geral da Saúde.
Comparando com os dados de sexta-feira, em que se registavam 854 mortos, hoje constatou-se um aumento percentual de 3%.
Relativamente ao número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus, os dados da DGS revelam que há mais 595 casos do que na sexta-feira, respresentando uma subida de 2,6%.
O estado de emergência, que foi renovado por mais 15 dias, está em vigor até 02 de maio.