As Termas de Chaves estão a produzir máscaras sociais e outros materiais de proteção para várias instituições do concelho, com o objetivo de ajudar no combate à pandemia da Covid-19,
“Estruturamos as nossas equipas de forma que pudéssemos ser úteis à sociedade em geral, utilizando equipamentos que tínhamos disponíveis e com o nosso pessoal, a fazer diversos equipamentos”, conta à Renascença a administradora das Termas de Chaves, Fátima Pinto Correia.
A responsável diz que, numa primeira fase, e porque o hospital de Chaves, através de alguns médicos conhecidos, fez chegar a necessidade de material, utilizaram “algum material em 'stock', o TNT das marquesas, para produzir algum material que já foi entregue”.
“Também nos foi solicitado material, através de um grupo que se organizou no Facebook, para ajudar diversas entidades. E nós fornecemos diverso material descartável, nomeadamente as socquettes que utilizamos para as visitas, toucas que usamos nos tratamentos de inalação e algumas batas que também tínhamos disponíveis”, acrescenta a responsável.
Fátima Pinto Correia indica ainda que face à “carência de cremes hidratantes, uma vez em que nesta fase é necessário desinfetar mais frequentemente as mãos e isso causa uma desidratação natural”, as Termas de Chaves disponibilizaram “produtos da sua linha dermocosmética”.
Atualmente estão a produzir máscaras socias. Numa primeira fase o material de proteção teve como destino os funcionários do município, num total de 440 máscaras.
“Temos uma costureira nos quadros e algumas funcionárias também sabem costurar, por isso, estamos a produzir máscaras sociais para distribuir a toda a sociedade”, explica a administradora das Termas de Chaves.
De acordo com Fátima Correia, “os enfermeiros das Termas de Chaves foram destacados para o centro de rastreio à Covid-19 no Alto Tâmega, instalado em Chaves.
Abertura em junho? Ainda não se sabe…
A perspetiva de reabertura aponta para junho. Ainda nada é certo, mas, ainda que tal venha a acontecer, já não é possível recuperar e ultrapassar os prejuízos.
“As termas abrirão assim que seja possível. Sabemos que será um ano complicado, apesar de contarmos poder abrir em junho ou julho. Estamos a elaborar algumas medidas que achamos que sejam fundamentais para garantir segurança aos nossos clientes e também aos nossos colaboradores”, conta à Renascença Fátima Correia.
Sobre o valor dos prejuízos, ainda não é possível avançar números, mas a administradora das Termas de Chaves assinala que “é um prejuízo enorme para as termas, mas para a cidade também, que vive muito do turismo e deste turismo em particular, que é o termalismo”.
Um setor que conta e vive essencialmente com as pessoas mais velhas. Logo, ainda que venham a reabrir, a perspetiva de clientes é muito menor.
“Sabemos de antemão que a quebra vai ser acentuada, mesmo quando estivermos abertos, porque o nosso público alvo, principalmente de termalismo terapêutico, estará confiando em casa, os superiores a 70 anos, e não poderão vir fazer os seus tratamentos como habitualmente”, acrescenta a responsável.
Fátima Correia alerta, no entanto, que os tratamentos termais criam imunidade e que quem está habituado a este tipo de atividade vai estranhar passar um ano sem os poder fazer.
“As pessoas que nos frequentam há muitos anos seguidos sabem que se sentem melhor, sabem que têm menos crises das suas patologias que são crónicas, mas que, não tendo cura, podem ser atenuadas. E sabem que os tratamentos que fazem todos os anos nas termas atenua os sintomas dessas patologias. Nas termas criamos imunidade e, portanto, têm menos crises, têm menos dores, menos sintomas. E este ano vão sentir a falta dos tratamentos, mas outras oportunidades terão”, explica.
"Piscar de olho" a novos públicos
Contudo, e apesar deste cenário que se apresenta “um bocadinho negro”, Fátima Correia vê “um bocadinho de luz ao fundo do túnel” e antecipa oportunidades.
“Achamos que as pessoas vão fugir um bocadinho do turismo de massa de praia e procurarão outro tipo de destinos onde se sintam mais protegidos e onde haja menos fluxo de turistas. E achamos que as termas podem ter aqui uma oportunidade, não só por estarem em locais onde não tem turismo de massa, mas também porque os seus próprios tratamentos são tratamentos que procuram aumentar a imunização das pessoas e, portanto, têm aqui uma possibilidade de ter umas férias diferentes e, ao mesmo, tempo, ganhar um pouco de imunidade”, considera.
As Termas de Chaves registaram o ano passado o maior número de aquistas de sempre, tendo atingido os oito mil. O impacto negativo devido à Covid-19 terá repercussões em todo o concelho.
“Em Chaves existe uma oferta hoteleira muito grande, também apoiada no termalismo, e que também vão sentir bastante o facto de, este ano, esses clientes habituais também não virem, assim como os restaurantes e o comércio local”, conclui.
As Termas de Chaves têm uma tradição milenar que remonta ao Império Romano. Com águas indicadas não só para tratamentos de doenças reumáticas, osteoarticulares, do aparelho digestivo e das vias respiratórias, mas também para tratamentos de manutenção, recuperação física e de beleza, estas águas são consideradas as mais quentes da Península Ibérica e as águas bicarbonatadas sódicas mais quentes da Europa, com uma temperatura à nascente de 73 graus durante todo o ano.
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