27 abr, 2020 - 19:29 • Maria João Costa
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Está em desenvolvimento desde março e a intenção é que seja a aplicação oficial em Portugal. Chama-se “monitor4Covid19” e é uma app para telemóvel que alerta, quem a utilizar, se esteve em contato próximo com alguém infetado pelo novo coronavírus.
A app foi apresentada esta segunda-feira, no Porto, pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC Tec), durante uma visita ao Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) dos ministros da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior; Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e a secretária de Estado da Valorização do Interior.
Esta aplicação procura responder “ao esforço de rastreio que há, por parte das entidades de saúde, para casos de infetados” explica à Renascença, Rui Carlos Oliveira, administrador do INESC Tec que coordena os trabalhos.
“Sempre que uma pessoa é validade como infetada há um trabalho do Serviço Nacional de Saúde (SNS) de procurar os contatos recentes dessa pessoa, por serem potenciais infetados”. Este trabalho de detetive pode ser facilitado com o recurso à aplicação agora desenvolvida pelos investigadores do INESC Tec, e assim poupar-se tempo ao SNS.
Recorrendo aos telemóveis, ditos smartphones, a utilização desta aplicação é “absolutamente voluntária”, indica Rui Carlos Oliveira. Este docente, acrescenta que “só as pessoas que baixarem a aplicação de uma das lojas de aplicações da Apple ou da Google é que poderão participar neste rastreio.”
“Uma vez descarregada a aplicação, a pessoa tem a possibilidade de ligar e desligar a app”, refere o administrador do INESC Tec que sublinha que “uma vez instalada a aplicação não solicita quaisquer dados à pessoa, nem sequer autorização para obter dados do próprio telemóvel. A única autorização que pede é para utilizar a tecnologia Bluetooth do telemóvel”
É através do Bluetooth e de um sinal que vai enviando e recolhendo que será possível identificar se o utilizador da app esteve próximo de alguém infetado. O telemóvel irá avisa-lo através de uma mensagem.
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A localização geográfica também não é recolhida, assegura Rui Carlos Oliveira. “O que a aplicação faz é periodicamente difundir na proximidade – 2, 5, 10 metros – um aviso com uma identificação absolutamente anónima daquele telemóvel”.
O responsável do INESC Tec explica que “minuto a minuto, a aplicação envia sinal a dizer que o telemóvel XK2532 está aqui. Está constantemente a fazer isso e a aplicação está à escuta de identificadores, também eles anónimos, que possam estar na proximidade. Sempre que ouve um desses identificadores armazena localmente.”
Mas então como é que a aplicação vai saber que a pessoa está infetada? Rui Carlos Oliveira explica que quando o utilizador é confirmado pelo Serviço Nacional de Saúde como um caso positivo, “é lhe perguntado se não se importa que sejam disponibilizados, de forma pública, aqueles identificadores anónimos que andou a enviar”. Se der autorização, e se já tiver a aplicação instalada e ativa, o telemóvel emitirá os respetivos alertas para quem se cruzou com aquele infetado nos últimos 14 dias.
Quem receber a mensagem, nunca saberá quem é a pessoa em causa, mas passará a estar atento a eventuais sintomas ou poderá recorrer às entidades de saúde para realizar um teste.
Questionado sobre eventuais falhas desta aplicação, nomeadamente por grande parte dos infetados e os casos mais críticos serem pessoas acima dos 80 anos que na maior parte não têm sensibilidade tecnológica, Rui Carlos Oliveira admite que essa pode ser uma das falhas, mas acrescenta que esse também não é o publico alvo.
“As pessoas mais idosas, de certa forma, não serão os utilizadores principais da aplicação, porque essas pessoas como são um grupo de risco são as pessoas ás quais o confinamento é mais aconselhado”.
Numa fase em que os investigadores estão a “refinar” a aplicação, a fazer testes e a “afinar o algoritmo, o responsável do INESC Tec explica que estão a trabalhar em colaboração estreita com as autoridades de saúde.
Sobre outra eventual falha que pode vir a acontecer com esta aplicação, Rui Carlos Oliveira aponta a falta de adesão. “Se pelo menos metade da população, cerca de 60 por cento, não aderir a esta iniciativa, ela falha!”
“As pessoas mais jovens, inclusivamente aquelas que dentro de dias estão a voltar às escolas, e às universidades, essas são as que utilizarão mais facilmente esta tecnologia e são as que, com alguma certeza, correspondem a um grupo maior da população que poderá estar contagiado e ser assintomático”, refere o investigador.
“Esta aplicação poderá dar melhores resultados”, com esta faixa da população indica Rui Carlos Oliveira e por isso a preocupação dos investigadores é a maior adesão possível a esta aplicação que está a ser desenvolvida e à qual o INESC Tec chama “StayAway”.