29 abr, 2020 - 15:06 • Maria João Costa
Os atores Maria João Bastos e Joaquim de Almeida protagonizam o manifesto “Temos os nossos filmes, temos as nossas séries, temos as nossas histórias”, lançado esta quarta-feira pela Academia Portuguesa de Cinema (APC).
No dia em que sai o apelo a que o público fique em casa e aproveite para ver cinema, nomeadamente português, surgem os números do impacto da pandemia no setor. 80 por cento dos profissionais estão sem qualquer remuneração.
Num inquérito aos seus associados, a APC conclui que cerca de 80% dos profissionais do cinema português ficaram sem qualquer tipo de retribuição, depois de terem visto suspensas as rodagens de filmes. O estudo revela que cerca de 30 por cento não sabe se vai voltar a rodar cinema. 65 por cento destes profissionais trabalha a recibo verde, “não podendo por isso recorrer a nenhum dos apoios definidos pelo Governo, até à data”, refere a APC em comunicado.
No cenário de pós pandemia, apenas 57 por cento planeia regressar á atividade cinematográfica. “Os restantes não sabem se regressam e há mesmo 3% a informar que deixarão de exercer atividade neste setor”, explica o comunicado da APC.
O cinema e o audiovisual empregam direta e indiretamente “mais de 20.000 profissionais, entre atores, realizadores, guionistas, argumentistas, técnicos de luz e som, e muitos outros” indica a Academia de Cinema que entregou esta semana a Marcelo Rebelo de Sousa e ao Ministério da Cultura um documento com os resultados deste inquérito agora divulgado, sobre o impacto da pandemia do Covid 19 no cinema português.
Segundo a APC, o seu presidente, o produtor Paulo Trancoso, foi recebido em audiência pelo presidente da República ao Presidente, na passada segunda feira. Trancoso manifestou “profunda preocupação quanto ao futuro do setor, caso não sejam acauteladas de imediato medidas de contingência que assegurem a sobrevivência económica individual e financeira das empresas e dos seus colaboradores”.
O cinema português pede por isso, a definição imediata de um “Plano de Emergência que assegure a sobrevivência dos profissionais do cinema e audiovisual, para o qual a Academia Portuguesa de Cinema se disponibiliza a colaborar”; “concurso relâmpago com verbas para iniciativas online, e de burocracia mínima” e “regresso às rodagens com equipas reduzidas e cuidados sanitários máximos”.
O presidente da APC considera por isso, “indispensável que o Governo acautele de imediato medidas de contingência que assegurem a sobrevivência do setor, mostrando total disponibilidade da Academia para colaborar na gestão da implementação das mesmas".