29 abr, 2020 - 12:43 • Redação
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Um total de 93% dos 973 óbitos registados em Portugal devido à Covid-19 ocorreram em ambiente hospitalar. Os dados foram anunciados, esta quarta-feira, pela diretora-geral da Saúde. Graça Freitas garante que todos os óbitos são contabilizados.
"Quatro por cento das mortes ocorreram em lares, 3% em domicílio e 93% aconteceram em meio hospitalar. Todas as mortes são contabilizadas, é impossível não contabilizá-las", diz.
A DGS recusa a subnotificação de mortes, porque "em Portugal, é impossível alguém ser enterrado ou cremado sem o certificado de óbito".
"Esses certificados são passados pelos médicos, que sabem a causa da morte, e que são eletrónicos. Entram numa plataforma eletrónica e nós conseguimos saber o número de mortos facilmente, ao minuto", explica Graça Freitas.
A diretora-geral da Saúde contextualiza os números e explica que, noutros anos, o número médio "de mortes fora dos hospitais é de um terço".
“Independentemente do local da ocorrência do óbito, esse óbito é registado. Em anos normais, sem Covid, cerca de um terço das pessoas, morre fora do hospital, sendo que as outras pessoas morrem em ambiente hospitalar”, sublinha.
Excesso de mortalidade em tempo de Covid-19
Quatro mil mortes a mais em Portugal desde o iníci(...)
Em relação a outros países, Graça Freitas refere, ainda, que Portugal vai "mais longe" na forma como contabiliza as mortes pelo novo coronavírus.
“Em relação à morte por Covid-19, em Portugal ainda vamos um bocadinho mais longe: muitas vezes, até estamos a medir a morte com Covid-19 mesmo que não seja o evento terminal. Não estamos a deixar escapar ninguém cujo médico tenha escrito a palavra covid na certidão de óbito ou que tenha um resultado analítico positivo.”
A diretora-geral da Saúde reforça que “estão aqui contempladas as pessoas que morrem em ambiente hospitalar, no domicílio e também em lares ou residências coletivas”.
As declarações de Graça Freitas acontecem dois dias depois de um estudo publicado na revista científica da Ordem dos Médicos alertar que o excesso de mortalidade em Portugal desde o início da pandemia de Covid-19 pode chegar aos 4.000 óbitos.
De acordo com o estudo, que analisou o período entre os dias 1 de março e 22 de abril, o número de mortes registado em Portugal pode chegar a um valor que representa quase cinco vezes mais do que os atribuídos à Covid-19, que esta segunda-feira se fixavam em 928, segundo os dados oficiais.
O medo de ir ao hospital está a provocar um aumento da mortalidade entre doentes crónicos, justifica o coordenador António Vaz Carneiro. “Há pessoas a morrer sem tratamento.”
Até esta quarta-feira, Portugal conta com 24.505 casos positivos do novo coronavírus, 973 óbitos e 1.470 casos recuperados. Há 980 pessoas internadadas, das quais 169 estão em unidade de cuidados intensivos.
Evolução da Covid-19 em Portugal