29 abr, 2020 - 15:24 • Redação, com Lusa
A Direção-Geral da Saúde (DGS) está a acompanhar as notícias da existência de casos de uma inflamação rara em crianças relacionada com a Covid-19, mas sublinha que não há qualquer situação em Portugal.
“Temos conhecimento dessa inflamação rara, mas não tivemos reporte de uma situação destas em Portugal. As nossas crianças em pediatria têm tido uma evolução favorável. Mas acompanhamos e estamos atentos”, disse esta quarta-feira a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, em conferência de imprensa.
As autoridades sanitárias britânicas revelaram, segunda-feira, que identificaram uma síndrome relacionada com o Covid-19 entre crianças, que se considerava terem menos risco de desenvolver complicações de uma infeção pelo novo coronavírus.
Numa carta dirigida aos médicos, a Associação de Pediatras de Cuidados Intensivos do Reino Unido adiantou que “nas últimas três semanas, houve um aumento aparente no número de crianças de todas as idades com um estado inflamatório multissistémico que requer cuidados intensivos em Londres e também em outras regiões do Reino Unido”.
A informação refere que o problema foi observado em crianças com e sem coronavírus, mas testes mostraram que algumas das crianças já haviam sido infetadas com o coronavírus SARS-CoV-2.
A Associação de Pediatras britânicos vinca que a complicação, designada por Síndrome Kwasaki, foi identificada num “número pequeno de casos com um quadro clínico invulgar possivelmente relacionado com a covid-19″.
Em França, surgiram os primeiros casos de crianças com doença inflamatória grave e o Governo admite preocupação com síndrome.
O ministro francês da Saúde, Olivier Véran, garante levar "muito a sério" o aparecimento no país de casos de crianças com doença inflamatória grave, mas sublinhou não haver ainda provas que a associem ao novo coronavírus.
Foram também registados casos em Itália, Espanha e Suíça, disse Olivier Véran, referindo ter recebido o alerta de Paris, onde foram detetadas cerca de 15 crianças, de todas as idades, com sintomas da doença.
“Têm febre, distúrbios digestivos e inflamação vascular generalizada que pode causar insuficiência cardíaca [mas] que eu saiba, felizmente nenhuma criança morreu dessas doenças raras”, afirmou o ministro.
Algumas dessas crianças “em França e em Inglaterra, mas não todas, provaram ser portadoras do coronavírus”, admitiu Olivier Véran, reconhecendo que isso causa “uma certa preocupação e obriga a alguma vigilância”.
“Eu levo isso muito, muito a sério. Não temos absolutamente nenhuma explicação médica neste momento. Será que se trata de uma reação inflamatória que desencadeia uma doença preexistente em crianças infetadas com o vírus ou outra doença infecciosa? Há muitas perguntas” no ar.