30 abr, 2020 - 12:41 • Inês Braga Sampaio
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A diretora-geral da Saúde defendeu, esta quinta-feira, o "timing" da recomendação do uso generalizado de máscaras e ainda deu uma aula sobre a correta utilização deste equipamento de proteção individual.
A ministra da Saúde reconheceu, num podcast, que podia ter antecipado a decisão, como medida de contenção da pandemia do novo coronavírus. Confrontada com o arrependimento de Marta Temido, durante a conferência de imprensa diária de atualização da situação pandémica em Portugal, Graça Freitas manteve a posição inicial.
"A decisão foi tomada de acordo com o que costumamos fazer, decidimos sempre em alinhamento com o ECDC [Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças]. Aguardámos a recomendação, aguardámo-la com toda a tranquilidade. É preciso lembrar que já estávamos em estado de emergência, em confinamento domiciliário, e já não estávamos em grande convívio. Seguimos as regras do ECDC", sublinhou.
Graça Freitas defendeu-se, também, com o aparecimento tardio das máscaras comunitárias, aquelas que são recomendadas à população em geral. Antes da recomendação do uso generalizado de máscaras, assinalou a diretora, havia apenas as máscaras FFP2 e FFP3 e cirúrgicas, "que são sobretudo para os profissionais de saúde".
"Depois é que surgiram indicações das máscaras comunitárias, um novo nível que apareceu e não estava criado anteriormente", rematou.
Marta Temido não acredita que o SNS seja capaz de,(...)
A diretora-geral da Saúde aproveitou para fazer várias recomendações sobre o uso de máscaras, pela população em geral.
Graça Freitas começou por realçar que "é importante" que sejam apenas utilizadas máscaras que tenham sido submetidas a certificação. Na mesma conferência de imprensa, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, disse que há 60 empresas portuguesas certificadas para produzir máscaras comunitárias.
"Houve um grande trabalho do país e das empresas, para que estas máscaras sejam fabricadas com boas práticas, para promover a proteção das pessoas. Isto tem a ver com muitos parâmetros que foram criados, e que as empresas são obrigadas a observar, e com a capacidade do material para filtrar partículas", realçou.
Em segundo lugar, a diretora-geral da Saúde salientou que é preciso ler com atenção a etiqueta da máscara, para saber se é de uso único ou se tem reutilização: "Se for para reutilizar, como e quantas vezes."
Por fim, "o grande apelo" de Graça Freitas, que vai ao encontro de uma das principais medidas de controlo da propagação do novo coronavírus: "Se e quando usarem uma máscara, tenham muita disciplina de não levar as mãos à cara mais vezes do que as que já levam".
"A tendência de vir ajustar a máscara, de puxar, de pôr, de tirar acaba por tirar a eficácia da máscara e permite que, se a pessoa estiver infetada, os vírus passem para as mãos e, depois, para as superfícies. Quem usar máscara tem de ter essa disciplina: colocar bem, ajustar corretamente. Para quem usa óculos, ter atenção para os óculos ficarem por cima, para depois não ter a tentação natural de levar a mão a cara", vincou.
De qualquer forma, a diretora-geral da Saúde revelou que, nos próximos dias, entrará em vigor uma campanha para ensinar as pessoas a colocar e retirar máscaras corretamente. Assim como, enquanto as máscaras estiverem colocadas, os erros que não se deve cometer.
Portugal regista 989 mortes (mais 16 em 24 horas) e 25.045 infetados (mais 540) pelo novo coronavírus, de acordo com o boletim diário da Direção-Geral da Saúde. Há, ainda, a registar 1.519 recuperados.