30 abr, 2020 - 16:42 • Maria João Costa
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À primeira vista, parece que está com um problema de rede e que a imagem ainda não carregou, mas não. É mesmo um "post" em branco o que está a encher o perfil de muitos artistas plásticos, atores, poetas, escritores, fadistas e outras pessoas do mundo das artes. Em comum têm um "hashtag" que diz “unidos pelo presente e futuro da cultura em Portugal”
É a forma que o setor está a usar para protestar publicamente contra a situação de dificuldade que enfrenta desde a paragem da atividade, devido à pandemia de Covid-19. A tela em branco mostra o descontentamento de um número substancial de profissionais das artes que não está abrangido por qualquer uma das medidas e soluções anunciadas pelo Governo de António Costa.
Ainda ontem, a Academia Portuguesa de Cinema divulgava um inquérito que revelava que 80 por cento dos profissionais do cinema e audiovisual estavam sem salário. Situação não menos precária vivem por estes dias, bailarinos, atores, músicos, e técnicos das artes do espetáculo que ficaram sem trabalho, com o sem-número de cancelamentos.
No texto que acompanha a imagem branca publicada, sobretudo nas redes sociais Instagram e Facebook, pode ler-se que mais de uma dezena de estruturas que representam o setor, como a Plateia - Associação de Profissionais das Artes Cénicas; o CENA-STE - Sindicato dos Trabalhadores de Espetáculos, do Audiovisual e dos Músicos ou a Acesso Cultura assinam o manifesto «Unidos pelo presente e futuro da Cultura em Portugal»
O protesto por escrito, já seguiu para o presidente da República, presidente da Assembleia da República, Primeiro-Ministro e Ministra da Cultura. O manifesto pede soluções para lidar com os efeitos secundários do novo coronavírus na cultura.
Os profissionais das artes manifestam-se “unidos e empenhados em dialogar para encontrar as medidas urgentes necessárias a implementar neste panorama de emergência gerado pela Covid-19.” O setor que reuniu nos dias 19 e 26 de abril pede a adoção de uma estratégia que inclua “várias instâncias, num diálogo concertado entre o Ministério da Cultura e os Ministérios do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social; das Finanças; da Educação; e da Economia (também a Secretaria de Estado do Turismo)”.
O manifesto também rubricado pela Fundação GDA; a Performart - Associação Para As Artes Performativas em Portugal; a Rede - Associação de Estruturas para a Dança Contemporânea; e os grupos formais e informais – Precários Inflexíveis; Artesjuntxs; Artistas 100%; Comissão Profissionais das Artes; Intermitentes Porto e Covid; Independentes mas Pouco; M.U.S.A. - Movimento de União Solidária de Artistas; e Ação Cooperativista - Artistas, Técnicos e Produtores reafirmam que “a Cultura e as Artes são vetores estruturais para o desenvolvimento de toda a sociedade civil portuguesa".