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​Reportagem. Máscaras começa a haver muitas, mas nem todas são certificadas

01 mai, 2020 - 14:39 • Isabel Pacheco

Fábrica de Barcelos sem mãos a medir para tantas encomendas. “O segredo é a matéria prima”, resume o proprietário da empresa, uma das cerca de 60 certificadas pelo CITEVE para produzirem máscaras de proteção individual no país.

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À custa da produção de máscaras, a empresa têxtil de José Silva, em Barcelos, prepara-se para sair do “lay-off”. 40% dos 70 trabalhadores estão em casa, mas o “regresso está por dias”. Até porque “estão todos os dias a cair encomendas”, avança o empresário.

Os nossos emails estão completamente ‘crachados’. Temos pedidos da Alemanha e, principalmente, de França. Também temos encomendas do mercado nacional, mas estou a contar com muito mais “, admite José Silva.

Há uma semana que a fábrica de Barcelos produz 15 mil máscaras por dia, mas o objetivo é chegar às “30 ou 40 mil”. Da confeção saem quatro modelos diferentes de máscaras de proteção do tipo 2 (profissional) e 3 (comunitária), com um filtro de retenção de partículas de 94%. São modelos que demoraram “mês e meio” de “estudo e de trabalho” até obterem o certificado do Centro Tecnológico das Indústrias do Têxtil e do Vestuário (CITEVE).

“Estudou-se, trabalhou-se e adaptou-se malhas para este tipo de produto. São três camadas de materiais. Temos um produto que é poliéster 100%, algodão 100% e TNT com uma gramagem de 35 gramas. É isso que estamos a produzir neste momento”, explica José Silva.

O segredo é a matéria prima”, resume o proprietário da empresa têxtil, uma das cerca de 60 certificadas para produzirem máscaras de proteção individual no país.

O processo de certificação “leva o seu tempo”, explica à Renascença o diretor-geral da tecnológica têxtil. É preciso testar, lavar voltar a lavar para de voltar a testar e isso “implica tempo”.

Mais de dois mil protótipos foram já rejeitados. Cerca de 80 foram aprovados, mas a tendência é para aumentar. “Fazendo a comparação com a imagem a curva da pandemia estamos em crescimento exponencial”, diz o diretor-geral do CITEVE, Braz Costa.” Há uma semana tínhamos praticamente zero. Agora temos uma taxa de êxito maior e, cada vez mais, estamos a aprovar mais mascaras por dia”.

Mas, afinal, de que tipo de material de proteção falamos? O responsável explica que a classificação da Direção-Geral da Saúde (DGS) é atribuída “mediante a sua utilização”.

Assim, existem as máscaras de nível 1 para uso dos profissionais de saúde, as de nível 2 para os profissionais com grande exposição ao público como “os profissionais do atendimento ou dos transportes públicos” exemplifica. “São desenhadas para serem usadas num contexto de distanciamento social tanto quanto possível”, acrescenta Braz Costa.

Já as máscaras de nível 3 são “para uso de todos nós” e que pressupõe o “cumprimento das regras de distanciamento social em plenitude”. Embora, ofereçam níveis de “proteção ligeiramente mais abaixo”, tendo em conta este afastamento dão o “mesmo nível de proteção”, assegura.

Mas, independentemente do modelo, há “dois requisitos fundamentais”, alerta o engenheiro: “tem de ter capacidade de filtração para reter as partículas e, ao mesmo tempo, ser respirável. Esse é o grande desafio”.

Tendo em conta estes critérios, “a ideia de que alguém diga para dobrar uma t-shirt e fazer uma máscara está completamente longe da realidade porque isso não é garantia nenhuma de que vai filtrar”, alerta o diretor-geral do CITEVE. “Já testamos muitas dessas coisas e o resultado, em alguns casos, é assustador”, avisa.


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