04 mai, 2020 - 13:45 • Pedro Filipe Silva
Coronavírus
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Lisboa acorda para mais um dia. Não é um dia qualquer, é o primeiro do plano de desconfinamento desenhado pelo Governo. As diferenças são notórias, ainda antes do sol nascer. Às seis e meia da manhã, na Estação de Oriente, fazem-se filas em frente aos cafés.
Lá em cima, nas plataformas, uns minutos depois, chega o comboio que tem como destino a Azambuja. É uma das 79 ligações que foram retomadas esta segunda-feira. Dezenas de pessoas entram nas carruagens. Não há ninguém que não tenha máscara.
No Cais do Sodré, a situação é idêntica. Sónia Crisante vem do metro e confirma. “Já se nota uma grande diferença. É um pouco assustador, porque ainda estamos no registo de confinamento. Ficamos um pouco alerta. É difícil voltarmos a uma normalidade, ao que já foi”, sublinha.
Esta passageira segue em direção à estação fluvial para ir para a margem sul. É de lá que vem Mafalda Barros, que relata a situação nos barcos da Soflusa. “Acho que vão muito cheios. Nós é que tentamos escolher um lugar um pouco mais distanciado. Sentei-me e veio um senhor sentar-se ao meu lado, tive de pôr a mala no meio”, descreve.
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"Olhe, o primeiro a entrar e não tem máscara", ass(...)
Mafalda considera que falta mais atenção no controlo para que seja cumprida a lotação máxima de dois terços da capacidade: “Eu acho que não há muito controlo. Acho que é mais a polícia à entrada para ver se as pessoas vão de máscara. Nos transportes acho que não há controlo nenhum, nós é que temos de ter cuidado."
Mafalda Barros ainda está em "lay-off", mas foi convocada pelo patrão para ir limpar o restaurante que está prestes a abrir. Ainda não se habituou à máscara. “Embacia-me os óculos, não consigo. Quando começar a trabalhar vou usar a viseira”, conta.
No Campo Grande, junto ao Estádio de Alvalade, parece um dia de jogo de futebol, tal é o aparato policial que ali está montado. Junto às paragens de autocarro da Carris está a Polícia Municipal. Está a fazer uma ação de sensibilização e a distribuir máscaras a quem não tem.
Entre as 5h30 e as 9h30 ofereceu cerca de 500 máscaras. Há quem saia dos autocarros com cachecóis ou blusas a tapar a cara. É feito apenas o aviso, para que na próxima não seja aplicada uma multa que pode chegar até aos 350 euros.
Ana Cunha não precisa, já tem máscara. Enquanto espera pelo segundo autocarro coloca desinfetante nas mãos. Novos hábitos que começam a fazer parte da rotina. “É um pouco difícil, porque não tenho saído de casa. É o primeiro dia que saio de casa, vou começar a trabalhar. Por isso está a fazer-me um pouco de confusão, mas vou habituar-me”, diz esta passageira que regressa hoje ao trabalho dois meses depois. Vem de Vialonga para cuidar de um idoso em casa.
Está em marcha, desde esta segunda-feira, o período de desconfinamento, planeado pelo Governo. Saiba tudo o que muda na passagem do estado de emergência para o estado de calamidade.