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Covid-19

"Fake news". Governo deve passar a responsabilizar "influencers", diz especialista em saúde pública

06 mai, 2020 - 09:29 • Anabela Góis (entrevista), Eduardo Soares da Silva (texto)

Como detetar "fake news"? Francisco Goiana da Silva, médico e professor universitário, explica como reduzir a desinformação na saúde e pede maior responsabilização do Governo e indústria da comunicação.

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Francisco Goiana da Silva, médico e professor na Universidade da Beira Interior, acredita que o Governo deveria responsabilizar os novos veículos de informação, como os "influencers" e "instagrammers". Em entrevista à Renascença, o especialista enumera as estratégias para reduzir as "fake news", principalmente durante uma pandemia como a Covid-19.

"Falta intervenção em três autores: o Governo tem de adaptar a legislação e responsabilizar os novos veículos de informação, como 'influencers', 'instagrammers'. Também os media e a indústria podem participar neste mecanismo de autorregulação, e também criar uma plataforma que envolva as indústrias, é preciso uma linha de comunicação entre as entidades de saúde e a indústria", diz.

O professor universitário desenvolveu um estudo sobre "fake news", desinformação "online" e contactou a Organização Mundial da Saúde (OMS), que vai lançar um projeto para o combate às notícias falsas.

"Este trabalho permite lançar bases para o início de um trabalho internacional. Também contactámos a OMS, porque as 'fake news' não têm só impacto na democracia e eleições. Já somos consultores para este projeto, onde vão estar reunidos especialistas internacionais, líderes governamentais e dos maiores grupos de media, para construirmos ferramentas para as pessoas fazerem uso da informação que recebem", explica.

O estudo de Francisco Goiana da Silva chega à conclusão que das 100 principais histórias sobre saúde em 2018, "que foram publicadas 24 milhões de vezes, com milhares de milhões de leitores, 50% destas tinham imprecisões".

O especialista diz que as "fake news" não são um fenómeno novo, mas "estávamos habituados a associar às eleições".

Como detetar as "fake news"?

Goiana da Silva reconhece, à partida, que identificar as "fake news", e apenas consumir conteúdo fidegino, nem sempre pode ser uma tarefa fácil. "É difícil separar o trigo do joio para ensinar o que é informação fidegina", observa. No entanto, o especialista elenca alguns problemas que podem conduzir à desinformação.

"Há várias formas de desinformar, desde notícias totalmente falsas, ou outras com mau tratamento da informação de base, como divulgar estudos científicos sem robustez, com conclusões perigosas e que sem avaliação dos pares", explica.

Em Portugal, a Covid-19 já infetou 25.702 pessoas e causou 1.074 óbitos. Em todo o mundo, há mais de 3,7 milhões de infetados e 258 mil mortos.

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