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Covid-19. Portugueses aceitam aplicação para controlo, mas exigem proteção de dados

07 mai, 2020 - 15:23 • Lusa

Taxa de aceitação ronda os 80% se os dados forem anónimos. Aplicação vai fazer o rastreio de infetados com covid-19 pelas autoridades.

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Os portugueses reconhecem as vantagens de uma aplicação para rastreamento de infetados com covid-19 pelas autoridades e admitem utilizá-la, desde que a privacidade dos dados seja garantida, conclui um inquérito da Deco divulgado.

Realizado entre os dias 24 e 27 de abril, com base em mil respostas obtidas online, para avaliar a recetividade dos portugueses a uma aplicação para smartphone que permita às autoridades de saúde rastrearem casos positivos de covid-19, o inquérito conclui que “a maior parte mostra-se confortável com esta solução para combate à pandemia”, refere a associação de defesa do consumidor.

“A grande maioria dos inquiridos reconhece a utilidade de uma aplicação que permita o rastreamento de contactos, enviando alertas aos utilizadores caso entrem numa zona em que circulam pessoas infetadas com o coronavírus ou após contacto com infetados, num transporte público ou num estabelecimento comercial, por exemplo”, refere a Deco.

Contudo, adverte a associação, “apesar de acreditarem que uma aplicação com estas funcionalidades pode salvar vidas”, os inquiridos “não deixam de expressar reservas quanto à privacidade dos seus dados”.

Neste aspeto, a geolocalização é apontada como a questão “que gera maior desconforto”: Quando questionados sobre a possibilidade de as operadoras de telecomunicações recolherem dados de GPS para que as autoridades monitorizem os hábitos de mobilidade dos cidadãos durante a pandemia, cerca de metade concorda com a medida, mas apenas se esses dados forem anónimos. Caso contrário, esse número cai para um terço.

Outra das reservas apresentadas pelos inquiridos é a partilha de dados, que apenas admitem sob anonimato.


Taxa de aceitação cai se dados não forem anónimos

Assim, medidas como a emissão de certificados de imunidade (que atestam que alguém recuperado da covid-19 foi considerado imune à doença) ou a monitorização de pessoas infetadas (para garantir que estão a respeitar o período de quarentena) parecem ser “amplamente aceites pela maioria dos portugueses”, desde que esteja garantido o anonimato.

“Embora quase 80% dos inquiridos se sintam confortáveis com a utilização de uma aplicação que envia alertas aos utilizadores se entrarem numa área com infetados, essa percentagem cai para menos de 60% se os dados não forem anónimos”, nota a Deco.

De acordo com a associação, apesar da “aparente disponibilidade dos portugueses para a partilha de dados pessoais com as autoridades devido à pandemia, a privacidade não deixa de ser uma preocupação”, até porque 84% dos inquiridos “concordam que não existem garantias absolutas de anonimato”.

Neste contexto, quando questionados sobre se aceitariam instalar voluntariamente uma ‘app’ que conceda às autoridades acesso total a informações sobre as suas deslocações e localização, “pouco mais de 40% responderam afirmativamente”.

Ainda assim, os inquiridos “acreditam ser possível encontrar soluções tecnológicas que, ao mesmo tempo que permitam utilizar dados pessoais no combate ao coronavírus, respeitem os direitos de privacidade dos cidadãos”.

Na opinião da Deco, se as autoridades nacionais avançarem com uma solução desta natureza - conforme tem vindo a ser incentivado pela Comissão Europeia, desde que com garantias de anonimato e de instalação voluntária da ‘app’ - “é essencial que o legislador tome todas as medidas para minimizar possíveis violações de privacidade”.

O inquérito revela também que “mais de um quinto dos portugueses já descarregou algum tipo de aplicação relacionada com o coronavírus”, sendo que as ‘apps’ atualmente disponíveis permitem fazer o acompanhamento de informação sobre a evolução da pandemia, autodiagnóstico e monitorização de sintomas.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 260 mil mortos e infetou cerca de 3,7 milhões de pessoas em 195 países e territórios.

Em Portugal morreram 1.089 pessoas das 26.182 confirmadas como infetadas, e há 2.076 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

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  • LUISA LEITE
    25 jun, 2020 ODIVELAS 18:37
    A grande maioria das pessoas que utiliza um telemóvel e usa cartão de crédito ou simples multibanco, tem de se capacitar de uma coisa muito simples: qualquer movimento, trajecto, conversa que efectue, site que visite na internet, está seguramente a ser alvo de controlo por parte de alguém. Até uma empresa privada como a Google nos controla já que, como sabemos, o nosso telemóvel é inundado de publicidade de determinado género de acordo com o utilizador. Por que será? Ou por que será que dão indicações, por exemplo, de restaurantes próximos de si... Ou seja, estar-se incógnito ou em paradeiro desconhecido é do passado! Pior ainda para todos aqueles que fazem uso das redes sociais, qualquer que seja, em que, por mais ínfima informação que se pense estar a disponibilizar, no seu somatório ao longo de pouquíssimo tempo, gerou um retrato completo da pessoa! Ou, mais simples ainda, o facto de se andar na rua, em que nada nos diz que uma foto nossa não possa andar a circular na net dentro de segundos... ou o entrar em certas lojas onde se avista um "Sorria, está a ser filmado". Será que toda a gente repara nisto? Afinal, qual o problema adicional de uma APP para a COVID-19? Ou, já agora, qual o problema para que se instalem câmaras de vigilância nas ruas, uma enorme ajuda às forças de segurança, quando a nossa saúde e segurança estão acima de tudo? Em minha opinião, a nossa Comissão de Proteção de Dados é um dos entraves ao progresso deste país.

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