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Reportagem Renascença

Hospital de S. João alarga horário de consultas. “Prestação de cuidados ficou mais cara”

07 mai, 2020 - 07:19 • Isabel Pacheco

Máscara. Mãos. Temperatura. São algumas das fases por que os utentes têm de passar no São João. Apesar das consultas presenciais, a teleconsulta é para manter, diz à Renascença o diretor do centro de ambulatório.

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Teve febre nas últimas 72 horas? Ou alguma alteração ao nível de olfato ou do paladar? Estas são algumas das questões colocadas por uma equipa de enfermagem a quem chega ao Hospital de S. João, no Porto. Antes, há um circuito a percorrer: colocar máscara de proteção, higienizar as mãos e medir a temperatura.

Já quem tem consulta ou exames médicos marcados só entra no edifício com a convocatória na mão. Foi o caso de Maria Adelaida, que chegou para uma consulta de ortopedia. Mas, antes, recebeu um telefonema.

“A consulta estava marcada para as dez, mas a médica ligou a remarcar para as 12h para ter menos gente. Tem de ser assim para estarmos mais prevenidas”, conta a paciente à Renascença.

A consulta de Adelaida faz parte da lista de 800 que estão a ser realizadas diariamente desde segunda-feira, altura em que o hospital retomou “a normalidade” após o período de contingência.

Durante esta fase, explica o diretor do centro de ambulatório, “a prioridade das marcações presenciais vai para as primeiras consultas”. Nas consultas seguintes, os doentes podem eventualmente ser acompanhados por “teleconsulta”, diz Xavier Barreto.

No último mês e meio, 90% das 50 mil consultas externas do centro hospital foram realizadas à distância. Uma alternativa para manter, sobretudo, numa altura em que a palavra de ordem é “evitar aglomerados”. Para isso, há estratégias definidas e, claro, um preço a pagar.

“Vamos ter de alargar o horário pelo menos até às oito da noite e, eventualmente, para os fins de semana. Até é possível que façamos as mesmas consultas, mas num período de tempo mais alargado e isso traduz-se numa pedra de produtividade e vamos ter custos acrescidos. A prestação de cuidados ficou mais cara”, conclui o responsável.

“Mudou muita coisa. Se calhar no bom sentido"

O serviço de gastroenterologia do S. João foi um dos mais afetados pela pandemia. Sendo uma aérea de saúde em que a consulta e a cirurgia se misturam, o serviço dirigido por Guilherme Macedo viu os procedimentos médicos praticamente parados nas últimas seis semanas. “Dos 20 mil procedimentos realizados em média por ano, fizemos 300 desde março”, conta o clínico.

Ainda assim o responsável acredita que é possível a normalização dos cuidados dentro de três semanas. Tudo vai depender dos recursos. “Da revolução à restauração não será para nós muito complexo. O que é muito importante é perceber-se que temos de ter os recursos humanos e físicos para o fazer”.

No serviço de cardiologia, as habituais duas mil consultas diárias foram reduzidas, nesta primeira fase de retoma do Serviço Nacional de Saúde, a 800. Aqui, a prioridade de atos médicos presenciais é avaliado “caso a caso”, explica o diretor de serviço, Filipe Macedo.

O clínico reconhece que nas últimas semanas “mudou muita coisa” no hospital. “Entrar no hospital com máscara? Nunca aconteceria antes. Os portugueses gostam de vir ao médico com uma camioneta de acompanhantes, passaram a vir com o mínimo possível. A distância entre as pessoas é agora muito maior”, descreve o médico, que espera que as mudanças tenham vindo para ficar.

“Acho que, honestamente, se calhar, isto vai disciplinar no bom sentido, não para racionar não para não ter cudados, mas numa perspetiva positiva”, conclui.

As consultas e as cirurgias que foram adiadas no Serviço nacional de Saúde, devido à necessidade de concentração de esforços no combate à Covid-18, começaram a ser reagendadas, progressivamente, desde segunda-feira.

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