08 mai, 2020 - 16:45 • Maria João Costa
O Ministério Público (MP) acusou de tentativa de homicídio qualificado, na forma tentada, a mãe que abandonou o filho recém-nascido, num ecoponto, em Lisboa, junto à estação ferroviária de Santa Apolónia, em novembro do ano passado.
Segundo a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa, “ficou suficientemente indiciado que a arguida, grávida de 36 semanas, e em trabalho de parto, na madrugada de 4 de novembro de 2019, se deslocou junto às imediações da discoteca “Lux Frágil” onde deu à luz um bebé do sexo masculino”.
A jovem cabo-verdiana, de 22 anos, vivia então, em situação de sem-abrigo. Os procuradores decidiram que Sara Furtado vai continuar em prisão preventiva, a aguardar o julgamento.
No comunicado emitido esta sexta-feira à tarde pela Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa, o MP esclarece que “após o nascimento, a arguida colocou o recém-nascido dentro de um saco plástico, juntamente com os demais tecidos expelidos no momento do parto e colocou-o no interior de um ecoponto amarelo, abandonando, de seguida, o local”.
O caso foi descoberto por outros dois sem-abrigo que resgataram a criança do ecoponto, ainda com vestígios de cordão umbilical. Sara Furtado, foi detida dias depois.
“A arguida ocultou sempre a sua gravidez, e decidiu ter o seu filho sem qualquer assistência hospitalar e sem dar conhecimento a ninguém”, diz o MP, que acrescenta que a arguida sempre teve “o intuito de lhe tirar a vida imediatamente após o seu nascimento, escondendo de todos o que tinha feito”.
Nas palavras do MP “a morte do recém-nascido só não veio a concretizar-se por mera casualidade e intervenção de terceiros que o encontraram e lhe prestaram os cuidados de saúde de que carecia para viver”.
O caso remonta a 4 de novembro de 2019. O recém-nascido foi encontrado num ecoponto nas imediações da discoteca “Lux Frágil”, em Santa Apolónia.
O bebé foi internado na Maternidade Alfredo da Costa (MAC). Teve alta ao fim de cerca de duas semanas e "saiu bem de saúde", segundo fonte hospitalar.
Na altura, o Tribunal de Família e Menores de Lisboa decidiu entregar a criança a uma família de acolhimento.
[notícia atualizada às 17h28]