08 mai, 2020 - 12:36 • Olímpia Mairos
Se o isolamento não é fácil para ninguém, nos idosos pode ser mais penoso do que nas outras faixas etárias da população, desde logo, pela falta de opções para socializar.
Para esbater estas barreiras acaba de ser lançada “Rede Aproximar”, um projeto do Instituto de Educação da Universidade do Minho, que visa ajudar ‘online’ a otimizar os tempos livres dos idosos, estimulando as suas capacidades físicas e intelectuais e a interação social.
A iniciativa, em facebook.com/projeto.rede.aproximar, tem, assim, como objetivo otimizar os tempos livres dos idosos, estimulando as suas capacidades físicas e intelectuais e a interação social, contribuindo para o seu bem-estar biopsicossocial e espiritual.
Para o efeito a equipa de trabalho mobiliza o Centro de Investigação em Educação, o Núcleo de Estudantes de Educação e o mestrado em Educação – área de especialização em Educação de Adultos e Intervenção Comunitária.
A “intervenção socioeducativa e comunitária”, explica a academia, vai abarcar a estimulação cognitiva, estimulação motora, educação ao longo da vida e cultura, arte e tradição.
Aos idosos vão ser dadas dicas para evitar o stress e a ansiedade, para prevenir quedas, mas também a oportunidade para descobrirem canções para relaxar, completar provérbios ou sopas de letras, testar a destreza de movimentos e até para fazerem uma visita virtual a um museu ou monumento.
Ao fim de semana é lançado um desafio ligado à temática dos dias anteriores.
A coordenadora do projeto, Maria Conceição Antunes, esclarece que estão a trabalhar “a partir dos contextos da experiência de vida dos idosos, atendendo às características dos seus comportamentos e atitudes e procurando ir ao encontro dos seus interesses, necessidades, motivações e expectativas”.
A professora do Instituto de Educação considera que a população idosa precisa muito de ser ouvida, de diálogo, de descobrir ou redescobrir as suas capacidades e de “encontrar novos objetivos que permitam ressignificar o sentido da vida”.
“A educação e o desenvolvimento humano é, efetivamente, um processo que decorre ao longo da vida, pois a expressão ‘Aprender já não é para mim’ dá frequentemente lugar à expressão ‘Nunca pensei que conseguia fazer isto’”, acrescenta.
Atores e protagonistas
As atividades propostas na “Rede Aproximar”, explica Maria da Conceição, têm uma intencionalidade.
“A pessoa idosa não vai olhar para elas como uma mera espectadora da TV, pois são ferramentas que apelam ao seu envolvimento e participação, em que cada um seja ator e até o protagonista neste processo de co-construção de novas aprendizagens, de manutenção e teste de capacidades motoras e mentais e de estabelecimento de novas relações interpessoais”, concretiza.
De acordo com a coordenadora do projeto a sua implementação tem colocado muitos desafios à equipa de trabalho, até porque grande parte da população a quem se destina não domina as ferramentas tecnológicas.
“Exige muito esforço da nossa parte, mas, penso, que compensará”, diz Maria Conceição Antunes.
O projeto já está a ser divulgado junto de estruturas residenciais para idosos, centros de dia, centros de convívio e oficinas seniores, para sensibilizar aquelas instituições a envolverem os seus técnicos e utentes nas atividades propostas, a partilharem conteúdos da “Rede Aproximar” e a promoverem a infoinclusão.
Em paralelo, a equipa do projeto prepara estratégias para sensibilizar familiares de idosos sós.
“O isolamento social e a solidão a que uma avó está sujeita pode diminuir com uma simples videochamada do neto a ajudar no procedimento de como ela pode seguir a ‘Rede Aproximar'”, defende diz Maria Conceição Antunes, considerando que a infoexclusão dos idosos constitui uma “barreira complexa” no caminho do projeto.
A “Rede Aproximar” é a resposta a um apelo da Reitoria da UMinho para a sua comunidade criar plataformas de apoio à sociedade, perante a Covid-19.
“Pensámos nos idosos, que têm várias frentes de fragilidade e cujo isolamento e solidão são muito desconhecidos e que pioraram no período da pandemia, pois os próprios familiares deixaram de visitá-los na sua casa ou no lar”, declara a responsável do projeto.