10 mai, 2020 - 19:01 • Cristina Nascimento
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A Associação de Profissionais de Educação de Infância (APEI) considera que reabrir as creches nos termos exatos das recomendações feitas aos profissionais do setor, noticiadas em primeira mão pela Renascença, é “lesar o desenvolvimento das crianças”.
“As recomendações emanadas aos profissionais de educação de infância são profundamente desadequadas" e colocam-nos "num dilema ético e profissional difícil de resolver pois, garantindo o seu cumprimento, estão objetivamente a lesar o desenvolvimento das crianças”, lê-se na posição oficial que tomaram sobre o assunto.
Na conta da associação na rede social Facebook, a APEI expressa “a sua profunda preocupação por todo este processo”, embora compreenda “o difícil equilíbrio entre a necessidade de retomar a atividade do país e a defesa da saúde das pessoas”.
Na mesma nota, a associação considera que “pegar ao colo, olhar nos olhos e deixar que a criança crie empatia através da expressão facial, falar perto da sua cara e acariciar o seu rosto são afetos que constroem e cimentam as interações e o vínculo entre criança e educador/cuidador” e que “impedir estas manifestações de afeto ou artificializá-las, com máscaras e distância física, é violentar a relação”.
“Olhar para as creches como depósitos de crianças e para os educadores de infância como os seus ‘fiéis depositários’ é ter uma visão profundamente redutora da importância que a educação tem nestas idades”, lê-se ainda na mesma nota.
Notícia Renascença
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A APEI considera ainda que a reabertura das creches vai “abranger as crianças maioritariamente oriundas de famílias com condições sociais de maior vulnerabilidade e desigualdade socioeconómica, precisamente as que não terão alternativa a não ser a creche”.
O comunicado da APEI termina referindo que estão a preparar um documento que possa contribuir construtivamente para a situação e dizem-se disponíveis para colaborar com as autoridades para encontrar as “melhores soluções”.
Ontem, a Associação de Creches e Pequenos Estabelecimentos de Ensino Particular (ACPEEP) já tinha sublinhado que não é possível implementar algumas das medidas propostas para a reabertura, nomeadamente impedir crianças de partilharem brinquedos e material didático.
"Não é pedagogicamente correto dizermos a uma criança 'não partilhes o brinquedo com o amigo'", refere à Renascença Susana Baptista, presidente da ACPEEP.
De acordo com a agenda de desconfinamento do Governo, as creches devem reabrir a partir de 18 de maio, numa primeira fase em modo opcional.
Em Portugal, morreram 1.135 pessoas das 27.581 confirmadas como infetadas com a Covid-19, e há 2.549 casos recuperados, de acordo com dados da Direção-Geral da Saúde atualizados este domingo.