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Governo admite que nem todos os lares estarão já preparados para receber visitas

12 mai, 2020 - 13:40 • Inês Braga Sampaio

O secretário de Estado e a diretora-geral da Saúde salientam que a reabertura das visitas é uma medida tomada em benefício dos idosos.

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O secretário de Estado da Saúde garante que a intenção é abrir todos os lares de idosos a visitas a 18 de maio, embora assuma a possibilidade de alguns demorarem mais tempo a acautelar-se para isso.

Na conferência de imprensa sobre a situação pandémica em Portugal, António Lacerda Sales foi questionado, pela Renascença, sobre o último parágrafo do documento de orientações para reinício das visitas aos lares, que dita que "mediante situação epidemiológica específica (local ou da instituição), pode ser determinado, em articulação com a autoridade de saúde local, a suspensão de visitas à instituição por tempo limitado".

"Estamos de acordo em que se reinicie as visitas no dia 18 [de maio], de acordo com as orientações e informações que foram dadas pela Direção-Geral da Saúde (DGS). É evidente que também percebemos que muitas destas estruturas estão a adaptar-se e a adequar-se a esta informação e não estarão todas preparadas ao mesmo tempo. Mas isso faz parte do processo e com certeza que, com a cooperação das autoridades locais de saúde, esse processo far-se-á, até porque entendemos que é muito importante para a saúde mental e física, até, dos nosso idosos poderem ver novamente os seus familiares. Sendo que temos obrigação de proteger esta faixa vulnerável. Visitas, sim, obviamente, mas com proteção e segurança", salientou o secretário de Estado.

António Lacerda Sales esclareceu, ainda assim, que "não houve, nem há nenhuma indicação do Ministério da Saúde relativamente a qualquer suspensão da orientação ou de informação" por parte da DGS.

A diretora-geral da Saúde acrescentou que o que o órgão que lidera "estabelece é um conjunto de regras de boas práticas, que se destina a uma retoma faseada a um novo tipo de normalidade".

Graça Freitas considera que foi tido em conta o facto de cerca de 40% das mortes por Covid-19, em Portugal, terem sido em lares: "Cada orientação e norma da DGS é muito negociada com os parceiros, quer nos outros ministérios, quer parceiros do setor privado e social. Não faz sentido a DGS fazer regras desfasadas da realidade e de quem as vai aplicar. O país é bastante assimétrico, há situações particulares, as visitas podem ser diferidas para uma outra data, mas na maioria dos lares estamos em condições, com regras próprias e definição, para a retoma das visitas."

"Somos sempre sensíveis às informações que nos vão dando e há coisas em que o bom senso, sem perder a segurança, pode levar a pequenos afinamentos", acrescentou a diretora-geral da Saúde.

O presidente da Confederação das Instituições Particulares de Solidariedade Social (CNIS), que foi uma das entidades ouvidas pela DGS, disse na segunda-feira que não será difícil operacionalizar as medidas agora impostas.

“Julgo que são ajustadas”, comenta o padre Lino Maia, da CNIS - uma das entidades ouvida pela Direção Geral de Saúde para definir as regras agora impostas. “É evidente que se deixa às instituições a adoção de um conjunto de cautelas, mas com testes feitos, com doentes a serem tratados onde devem ser tratados, com os equipamentos de proteção individual, com o agendamento das visitas e com um espaço apenas para as visitas em que se respeite o ajustamento”, acrescenta.

Já o presidente da Associação de Apoio Domiciliário Lares e Casas de Repouso - a associação de lares privados - entende a urgência em retomar as visitas nos lares de idosos. Mas que teme que não seja fácil operacionalizar tudo em tão pouco tempo.

“Os lares vão precisar de algum tempo para se organizarem", porque, diz, há instituições “muito diferentes uns dos outros. Enquanto num será fácil, noutros não será assim tão fácil”, explica João Ferreira de Almeida.

E olhando para as medidas impostas pela DGS, o mais complicado será evitar contacto físico entre utentes e familiares.

Preparados para eventual segunda vaga


António Lacerda Sales revelou, na mesma conferência de imprensa, que o Governo tem planos para todos os cenários possíveis, incluindo uma eventual segunda vaga da pandemia do novo coronavírus.

"Temos de ter uma almofada de preparação para essa situação. Se for necessário dar um passo atrás, daremos com certeza. Estaremos preparados e temos planos para o caso de isso acontecer. Os planos são retomarmos, se necessário, algumas das medidas que já tivemos, com a devida proporcionalidade. Se houver uma segunda vaga, também ela será dinâmica, flexível e terá a sua proporcionalidade. O que posso dizer é que estaremos preparados para uma eventual segunda vaga, que todos esperamos que não venha a acontecer", assumiu.

O secretário de Estado assumiu que ainda não tem "valores probabilísticos definidos" e que espera que o comportamento dos portugueses reduza o risco de uma segunda vaga de Covid-19 para zero.

"Isso depende da consciência social e cívica de cada um de nós. Mas se mantivermos aquilo que temos tido até agora, com certeza que não teremos essa segunda vaga e que Portugal poderá evoluir para uma situação de retoma ao novo normal", afiançou o governante.

De acordo com o balanço da Direção-Geral da Saúde (DGS) desta terça-feira, morreram 1.163 por Covid-19 em Portugal, das 27.913 oficialmente infetadas. Já foram dados como recuperados 3.013 pacientes.

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