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covid-19

Quem ganha menos está mais exposto ao vírus

12 mai, 2020 - 18:28 • Dina Soares

​Pessoas com baixos rendimentos e baixa escolaridade são as que mais reportam ter dificuldades em comprar máscaras e em utilizá-las adequadamente. Simultaneamente, é este o grupo que mais precisa de sair para trabalhar. As respostas dos portugueses ao barómetro da Escola Nacional de Saúde Pública confirmam que a crise da covid-19 está a afetar desproporcionadamente os mais vulneráveis.

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Metade das pessoas com rendimentos até 650 euros mensais confessam ter dificuldade em comprar máscaras devido ao seu preço. Os dados do Questionário Opinião Social, que a Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, revelam também que são estas mesmas pessoas que, por terem que se deslocar para o trabalho, estão mais expostas à infeção pelo novo coronavírus.

Nos escalões de rendimento mais baixos, 54% das pessoas têm de ir para o local de trabalho para exercer a sua atividade, enquanto 75% das pessoas com rendimentos superiores a 2500€ está a desenvolver a sua atividade profissional em teletrabalho. São também estes os que menos se queixam do preço das máscaras: apenas uma pessoa em cada 10.

A impossibilidade de realizar teletrabalho está igualmente relacionada com o nível de escolaridade. 76% das pessoas que não estudaram além do 9º ano, têm de ir para o local de trabalho, enquanto que esta proporção desce para 26% nas pessoas com ensino superior. São ainda as pessoas com menos habilitações académicas que mais referem não saber, ou não se terem informado sobre como utilizar as máscaras, o que agrava o risco. Neste capítulo, são duas vezes mais os homens que dizem não as saber usar, comparativamente com as mulheres.

Os mais idosos são os que menos usam máscara. É nesta faixa etária que há mais pessoas a dizerem que nunca usaram uma máscara. Também aqui, são mais os homens. Entre o resto da população, 43% usa máscara protetora somente em determinadas situações e 51% usa-a sempre que sai de casa

Desigualdades no acesso aos serviços de saúde

O Opinião Social analisou também o acesso aos serviços de saúde em função do escalão de rendimento, verificando que uma em cada duas pessoas com rendimentos inferiores a 650€, não tiveram consulta quando precisaram.

No Alentejo, uma das regiões mais envelhecida do país, 71% das pessoas inquiridas não conseguiram obter uma consulta. Segue-se a zona Centro, com 61%. São também os idosos quem mais dificuldade teve em ir à urgência ou em fazer um tratamento num serviço de saúde.

Quem mais perdeu rendimento?

É a população com remunerações mais baixas, a camada mais jovem e a menos escolarizada quem está a ser mais afetada pela perda de rendimento. No escalão com rendimento mensal inferior a 650 euros, duas em cada três pessoas perderam rendimentos. 40% de forma parcial e 25% de forma total.

Verifica-se também que um em cada dois jovens com idade entre os 16 e os 25 anos reporta ter perdido rendimento, bem como metade dos que têm até ao 9ºano de escolaridade. A região mais afetada pela perda de rendimentos é o Algarve, com 57% dos seus habitantes nesta situação, e 30% a relatar mesmo que tiveram que suspender a sua atividade profissional. Segue-se o Norte, onde 47% das pessoas refere perdas de rendimentos e o Centro, com 42% .

Os dados apresentados dizem respeito às respostas ao questionário, recolhidas entre os dias 21 de março e 17 de abril de 2020 através de um questionário online preenchido semanalmente e recolhido todos os sábados.

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