12 mai, 2020 - 00:54 • Redação
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Os idosos em lares poderão voltar a receber visitas já a partir de segunda-feira, dia 18 de maio, mas apenas com marcação prévia e, numa primeira fase, cada utente só poderá receber uma visita por semana, não devendo exceder os 90 minutos.
À Renascença, um diretor de um lar (IPSS) do Grande Porto diz que a orientação da Direção-Geral da Saúde (DGS) é bem-vinda, e era já esperada pelas instituições, mas alerta para o "risco" que representa a permissão de visitas a idosos acamados.
A nota orientadora da DGS admite essa possibilidade, indicando que "a instituição deve garantir que a visita decorre em espaço próprio, amplo e com condições de arejamento (idealmente, espaço exterior)". Não devem ser realizadas visitas em salas de convívio ou no próprio quarto, diz o documento, "exceto nos casos em que o utente se encontra acamado".
Numa primeira fase, as visitas devem ter número má(...)
Mas a entrada de visitantes no interior do lar pode trazer problemas às instituições. A DGS refere como requisito que a instituição deve, "sempre que possível", definir corredores e portas de circulação apenas para as visitas, "diferentes dos de utentes e profissionais".
Só que em alguns lares, "os quartos e corredores dos quartos não têm dimensões que permitam criar circuitos diferenciados sem que estes se cruzem com circuitos utilizados frequentemente por idosos e funcionários", explica este diretor à Renascença. "Para que as visitas nos quartos aconteçam, os familiares têm sempre de invadir espaços comuns e isso criaria problemas em termos de logística e risco de contaminação."
Para por em prática esta possibilidade "terão de ser fechados os outros idosos também nos seus quartos ou salões de convívio, para que nunca contactem com as visitas", diz o responsável deste lar que não tem registo de infetados por Covid-19 entre funcionários ou utentes.
É também requisito o distanciamento físico de "pelo menos dois metros" entre os participantes da visita, mas sobram as dúvidas de que essa regra possa ser cumprida sem questão. "Acreditamos que as visitas nos quartos não iriam respeitar o distanciamento necessário e [os visitantes] iriam dar o beijinho ao pai ou mãe, porque se consideram saudáveis."
No caso de se tratar de um quarto partilhado, diz ainda a DGS, "terão de ser criadas condições de separação física". Mas essas condições nem sempre existem.
"No exterior temos uma janela que não abre, no quarto até poderíamos colocar uma mesa para não passarem mas há o risco de que possam ultrapassar esse obstáculo." E há que manter a privacidade das visitas. "Os nossos funcionários não assistem às videochamadas dos utentes com as famílias, por exemplo. Creio que devemos criar um espaço seguro para idosos e familia conversarem, se verem e sem o risco de contaminação."
Algumas instituções estavam já a preparar-se para o regresso das visitas e este lar contactado pela Renascença já tem mesmo um espaço criado no exterior para receber os familiares dos seus utentes. E em edifícios térreos, lembra ainda este diretor, as camas podem ser aproximadas das janelas para que haja contacto com os familiares.
"Os idosos precisam urgentemente de ver as suas famílias. Temos situações muito tristes de idosos que estão a ficar doentes de 'saudades'".
Em Portugal, 351 lares registaram casos de Covid-19, somando 450 mortes entre utentes, segundo dados confirmados no sábado pela DGS.
Portugal contabiliza 1.144 mortos associados à Covid-19 em 27.679 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde sobre a pandemia. Relativamente ao dia anterior, há mais nove mortos (+0,8%) e mais 98 casos de infeção (+0,4%). Das pessoas infetadas, 805 estão hospitalizadas, das quais 112 em unidades de cuidados intensivos, e o número de casos recuperados é de 2.549.
Portugal entrou no dia 3 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março. Esta nova fase de combate à Covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.