14 mai, 2020 - 10:01 • Miguel Coelho , Inês Braga Sampaio
As famílias que coloquem crianças nas creches vão continuar a beneficiar do apoio do Estado até ao final de maio. Garantida deixada, esta quinta-feira, pelo primeiro-ministro.
Em declarações aos jornalistas, à margem da visita a uma creche, em Lisboa, António Costa explicou que esta é uma forma de devolver a confiança às famílias, em tempo de pandemia do novo coronavírus.
"Para dar tempo de adaptação e para os próprios pais refletirem, decidimos que, nesta primeira de quinzena de reabertura das creches, vamos manter para as famílias que têm crianças em creches o apoio à família para que os pais possam escolher se ainda ficam em casa ou se já os põem na creche, se os põem poucos horas na creche para se irem adaptando e o resto do tempo em casa. Portanto, para sentirmos todos maior conforto", declarou.
Costa salientou que esta medida é tomada "pelos pais, que têm de sentir que há segurança para as crianças", e pelos educadores.
"É fundamental que tudo isto decorra com a maior segurança", sublinhou.
As famílias receberão apoio, mas o mesmo não se aplicará às creches privadas, que serão obrigadas a abrir mesmo que não tenham crianças suficientes para compensar o investimento, como confirmou a ministra do Trabalho, na quarta-feira, em entrevista à Renascença. Ana Mendes Godinho admitiu, por outro lado, que as creches do setor social continuarão a receber apoios.
Um inquérito da Associação de Creches e de Pequenos Estabelecimentos de Ensino Particular, realizado junto de 90 associados, verificou que a maioria das crianças não regressará às creches na próxima semana. Só os pais mais otimistas ou que não têm alternativa deixarão os filhos na creche na segunda-feira.
Ministra do Trabalho
Diretores queixam-se que o número de crianças é in(...)
O governante revelou, ainda, que já foram feitos, até ao momento, 15.000 testes de diagnóstico à Covid-19 a funcionários das creches. Ou seja, cerca de 80% dos funcionários já terão sido testados.
"Decidimos fazer um grande esforço para fazer um teste de diagnóstico às 19.000 pessoas que trabalham nas creches em todo o país. Estão, neste momento, já 15.000 testes realizados. Vamos continuar a fazer esse trabalho, de forma a que, quando as creches reabrirem, na segunda-feira, todas as pessoas tenham sido testadas", realçou.
Os educadores aguardam, entretanto, por esclarecimentos, depois de o Instituto da Segurança Social e a Direção-Geral da Saúde terem publicado guiões distintos para a reabertura das creches.
Contactada pela Renascença, a Associação de Profissionais de Educação de Infância reserva para mais tarde uma posição, mas fonte da mesma associação confessa “estupefação pela falta de harmonia entre os dois documentos”, com origem em duas entidades tuteladas pelo Governo, ainda que por diferentes ministérios (a DGS depende do Ministério da Saúde; o ISS depende do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social).
O guião emitido pelo ISS para as creches, no fundo, coincide com a versão que foi divulgada pela Renascença e que a DGS viria a aligeirar esta manhã. Afinal, tudo parece ter voltado ao princípio, para surpresa dos profissionais do setor.
O primeiro-ministro referiu, também, que a forma como decorram estas primeiras duas semanas de reabertura das creches será termómetro para as semanas seguintes do plano de retoma da normalidade:
"Vamos verificar se nas creches foi possível praticar estas medidas de adaptação, se os testes foram feitos e se estamos em condições, objetivamente, de poder dizer, 'vamos dar este passo em segurança', naquela estratégia que tem dado tão bons resultados."
Covid-19
A cinco dias da reabertura das creches, o Institut(...)