18 mai, 2020 - 14:12 • Isabel Pacheco
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Foram poucas as vezes que a campainha tocou, esta segunda-feira, na creche do centro social da Paróquia de S. Lázaro, em Braga.
Dois meses depois do fecho da instituição devido à pandemia da Covid-19, apenas 14 das 220 crianças regressaram na reabertura do infantário, agora, com novas regras.
À porta de entrada cada criança tem um espaço com o seu nome para deixar os sapatos que traz da rua. Ao lado, uma cadeira em ponto pequeno assinala o local onde os pais devem vestir a bata aos mais pequenos. Estas são algumas das regras da nova rotina. O “mais difícil” é lidar com “a questão do afeto”, assume a diretora técnica da creche, Ana Luísa.
“Temos o colo e isso é veículo para tudo o resto. Termos que adaptar o nosso afeto e isso vai ser a nossa principal dificuldade, porque queremos protegê-las, mas, também, lhes queremos dar colo”.
A distância de segurança recomendada é de metro e meio a dois metros. Uma regra que, a partir de junho, altura que se prevê nova fase de desconfinamento, vai ser “praticamente impossível” de cumprir, admite a responsável.
“Se o espaço for todo ocupado não conseguimos cumprir com todas as orientações”, avisa a responsável pela creche de S. Lázaro que conta com um universo de mais de 200 crianças. “Isso preocupa-nos e deixa-nos com muitas dúvidas e receios”, confessa.
Até lá, resta “fazer o melhor que conseguimos” e aguardar pelas orientações da Direção-Geral de Saúde, explica-nos a educadora que, por outro lado, não esconde a preocupação com o impacto da “parafernália de adaptações” nos mais pequenos.
“O abraço, mesmo que se mantenha, vai ser um abraço com máscara e o beijo já não pode ser o beijo e não sabemos o que isto vai provocar nas nossas crianças”, alerta.
Independentemente das mudanças, o essencial, lembra Joao Filipe, pai de três crianças, é mesmo o regresso dos miúdos a uma rotina.
“As crianças saíram da sua realidade, saíram da escola e sentem falta das rotinas”, descreve o encarregado de educação que se diz “sereno” com o regresso à nova normalidade. “Todos, [pequenos e graúdos], precisamos mesmo disto”, conclui.