18 mai, 2020 - 22:51 • Pedro Mesquita , Filipe d'Avillez
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João Cordeiro garante à Renascença que a questão das máscaras sem certificação já está clarificada e diz que a polémica em que se viu envolvido se deve a perseguição política.
Em causa está uma parte das três milhões de máscaras encomendadas pelo Governo e importadas da China por várias empresas, de acordo com contratos de ajuste direto. A empresa farmacêutica de João Cordeiro, a Quilaban, é responsável por uma parte dessa encomenda.
“Neste momento, como esperávamos, temos a situação totalmente clarificada. A empresa polaca que emitiu as certificações foi sujeita a várias falsificações de certificados e anulou todos os certificados que tinha emitido no mês de março e emitiu novos certificados, certificados esses que correspondem efetivamente à data em que as máscaras foram produzidas.”
Esclarecida a situação, importa agora saber se as máscaras já podem ser distribuídas. João Cordeiro diz que a questão não é clara, nem é nada com ele.
“As máscaras foram validadas pelos serviços partilhados do Ministério da Saúde, foram validadas pela DGS, mas infelizmente a entidade que tutela esta matéria, a ASAE, não esteve presente na reunião”, explica. Sobre se podem ser distribuídas, diz que “isso depende da decisão dos serviços partilhados e da DGS, se vão aguardar por uma decisão da ASAE, ou se vão assumir responsabilidades, isso já não é connosco.”
Perseguição política e farmacêutica
João Cordeiro lamenta a polémica que se desenvolveu em torno deste assunto, mas diz que no que lhe toca está a ser vítima de um acerto de contas pelo seu papel na introdução dos medicamentos genéricos em Portugal.
“Não tenho dúvidas que há aqui um acerto de contas. Quando fui presidente da Associação Nacional das Farmácias, defendi sempre a introdução dos medicamentos genéricos o mais rapidamente no mercado. Os verdadeiros problemas estão nos interesses que eu ataquei, porque durante 12 anos o mercado de genéricos não existiu por vontade exclusiva dos responsáveis políticos e da própria Assembleia da República, cuja Comissão de Saúde foi várias vezes alterando a legislação, sempre, mas sempre, a favor dos interesses da indústria farmacêutica”, diz, acrescentando que se refere a todos os partidos.
Em causa, diz, estão valores na ordem dos 4.800 milhões de euros. “Porque 400 milhões de euros de poupança vezes 12 anos em que não existiu mercado genérico, faça as contas.”
Mas João Cordeiro não se fica por aí, e diz que também está a ser vítima de um aproveitamento político de Carlos Carreiras, o presidente da Câmara de Cascais, onde Cordeiro foi vereador, pela oposição, durante quatro anos.
“Sempre estivemos muito tranquilos sobre esta matéria, lamentamos o aproveitamento que algumas pessoas fizeram. Em especial pessoas muito ligadas à Câmara de Cascais, que ainda hoje não se esqueceram do que foi a minha atuação durante a vereação de que fiz parte na Câmara de Cascais, denunciando gravíssimos problemas que se passaram na Câmara de Cascais. Houve um aproveitamento político do Dr. Carlos Carreiras, como é óbvio.”
Feita esta acusação, a Renascença contactou Carlos Carreiras, que reagiu dizendo que a acusação de Cordeiro não o surpreende. “Nós habituámo-nos ao mau perder do Dr. João Cordeiro durante quatro anos em que só fez insinuações, mentiras e participações. Em todas elas ficou demonstrado que a Câmara Municipal de Cascais tinha cumprido escrupulosamente não só as regras de boa gestão como também de procedimento legal.
“A mim não me surpreende nada essa atitude por parte do Dr. João Cordeiro”, conclui.