22 mai, 2020 - 00:02 • Vítor Mesquita
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Há cerca de 12 mil postos de trabalho em risco, no setor da pirotecnia. É um alerta deixado na Renascença pela Associação Portuguesa dos Industriais de Pirotecnia e Explosivos (APIPE). O seu presidente, Carlos Macedo, revela muita preocupação com o impacto da Covid19 nas cerca de 80 empresas do setor. “Entre trabalhadores vinculados às empresas e trabalhadores que vivem como freelancers da pirotecnia são cerca de doze mil licenças emitidas pela PSP. Estaremos a falar de cerca de 12 mil pessoas afetadas por esta crise. Muitas delas já encaminhadas para o desemprego. Até ao final do mês de abril contabilizamos cerca de 2 milhões de euros de prejuízo”.
O presidente da Associação dos Industriais de Pirotecnia defende a urgência de regressar à atividade. Pede ao Governo que permita a realização de espetáculos pirotécnicos. Sublinha que é possível assistir a fogo de artifício em segurança, já que “é visível à distância, não há necessidade de exigir aglomerações de público”.
Carlos Macedo insiste na necessidade de trabalhar. “É este o problema. Se os nossos clientes não forem autorizados e incentivados a promover espetáculos pirotécnicos, obviamente, as empresas vão encerrar. Uma grande percentagem não vai aguentar. Ninguém aguenta um ano parado. No nosso setor, como, de resto, noutros, é muito difícil aguentar dois ou três meses de paragem, o que fará um ano, como é o nosso caso”
Nesta entrevista à Renascença, Carlos Macedo defende que os apoios do Estado não são eficazes para um setor com as características do que representa. “A única informação que temos é que podemos recorrer aos apoios gerais para a economia e eu friso, esses apoios não nos vão safar, como não vão safar outras empresas da área das festas e das romarias, porque os apoios são o lay-off, moratórias de juros, mas nós estamos a falar de um ano parados São trezentos e muitos dias sem trabalhar. Para nós o lay-off é bem-vindo, mas não é suficiente, de maneira nenhuma”
Armazéns estão cheios de produto por “queimar”
Portugal, Itália e Espanha são os maiores fabricantes de pirotecnia da Europa. Todo o produto que é fabricado nos meses de outono e inverno é produto para fazer espetáculos no verão e na passagem do ano. Carlos Macedo explica que o “produto está construído, porque o verão é para fazer espetáculos não é para produzir. Esse produto está dentro dos nossos armazéns. Como não foi queimado na Páscoa estão cheios”. Como as atuais restrições à realização de espetáculos não permitem as queimas do produto armazenado, Macedo sublinha que o caminho é o da desgraça.
A APIPE já pediu ao Ministério da Administração Interna, que tutela o setor, um alívio nas regras. Foi ainda feito um pedida a criação de um regime excecional que permita ultrapassar a capacidade de armazenamento de cada empresa. Ao ministério da Economia e ao gabinete de António Costa chegaram pedidos para alavancar o setor e evitar que o número de despedimentos seja total.
“Fazer em cada distrito do país um espetáculo pirotécnico”
Sobre a sugestão do Presidente da República, relativa ao prolongamento do lay-off e que o Primeiro-ministro promete avaliar, Carlos Macedo afirma que seria uma ajuda, mas não salvaria todos os postos de trabalho, tendo em conta a falta de atividade.
O responsável opta por deixar um desafio a Marcelo Rebelo de Sousa. “Vem aí o 10 de junho. Uma forma de ajudar e trazer alguma alegria a este desconfinamento que estamos a começar a viver era a Presidência da República, à semelhança do que fez noutros anos, fazer em cada distrito do país um espetáculo pirotécnico. Isto são “peanuts”, na linguagem comum, em termos financeiros, mas para nós representaria muito. O 10 de junho não será comemorado da mesma forma que o habitual. Poderia ser comemorado com um espetáculo em cada concelho, ou em cada distrito, no mínimo, e patrocinado pela Presidência, porque já o fez mais do que uma vez”.