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Coronavírus

Há reclusos a cumprir quarentenas desfasadas, mas em conjunto, diz guarda prisional

21 mai, 2020 - 22:09 • Pedro Mesquita , Filipe d'Avillez

Nas prisões não há gel desinfetante nem distanciamento e as máscaras usadas pelos guardas prisionais não oferecem segurança, diz o presidente do Sindicato dos Guardas Prisionais.

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Pelo menos 10 guardas do estabelecimento prisional de Vale de Judeus foram enviados para casa esta quinta-feira, de quarentena, depois de esta manhã um colega ter testado positivo.

Este guarda terá sido infetado pelo recluso que regressou há uma semana de uma saída precária. A informação foi confirmada esta noite, à Renascença, por Jorge Alves, do Sindicato que representa os Guarda Prisionais.

“Estão a ser agora feitos em Vale de Judeus alguns testes depois do caso positivo, a guardas e a reclusos. Hoje de manhã veio a indicação de um caso positivo a um guarda que terá estado em contacto com o infetado, entretanto os guardas que tiveram em contacto com ele na semana passada, de todos, pelo menos 10 já estão em casa de quarentena, por ordem dos serviços de saúde”, explica.

Segundo Jorge Alves, há grandes falhas de higiene e segurança quando um recluso regressa de uma saída precária. “Infelizmente a quarentena é cumprida em conjunto uns com os outros. Ou seja, se o recluso chega hoje de precária e há cinco dias já está lá outro que também tenha chegado de precária, na maior parte dos casos partilham o mesmo espaço e um, findos os 14 dias vai para o seu pavilhão, o outro no fim dos 14 dias também irá para o seu pavilhão.”

“Quando há estabelecimentos prisionais que têm essa capacidade, colocam cada um na sua cela, mas são muito poucos os que conseguem fazer isso”, acrescenta ainda o guarda.

“Tivemos recentemente um caso em Vale de Judeus de um recluso que chegou de precária e foi colocado numa camarata em que já estavam dois reclusos a cumprir a quarentena deles, que já estavam a cumprir as suas quarentenas, portanto neste caso concreto estavam três. Podem estar quatro, cinco ou dois. Depende das saídas e da entrada do pessoal.”

Terminada a quarentena, termina também o distanciamento de segurança entre reclusos.

“Na zona prisional não têm nem gel nem distanciamento de segurança, partilham no mesmo espaço de quatro por três metros, estão dois, três ou quatro reclusos com os beliches a 50 cm uns dos outros. Quando estão a almoçar, jantar ou a tomar o pequeno-almoço estão encostados uns aos outros, jogam cartas uns com os outros numa mesa quadrada de 60 por 60 centímetros. A única altura em que é distribuída uma máscara é na saída para o exterior, para ir ao hospital ou ao tribunal, por indicação superior, mais nada.”

Só para os guardas prisionais é obrigatório, desde abril, o uso de máscara nas cadeias. Mas estas, segundo Jorge Alves, não oferecem segurança.

“Como não havia máscaras cirúrgicas, e tendo em conta a parceria que estava a ser realizada em Santa Cruz do Bispo, colocaram as reclusas a produzir máscaras que não têm certificação nenhuma, que vêm da produção das reclusas para a cara dos guardas prisionais, em certas unidades de saúde somos proibidos de entrar com essas máscaras, nomeadamente no Hospital Pedro Hispano”, conclui o presidente do Sindicato dos Guardas Prisionais.

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