27 mai, 2020 - 16:27 • Maria João Costa
Anuncia-se como uma “Manifestação Nacional”, está marcada para dia 4 de junho, às 18h em Lisboa, no Rossio e no Porto, no Campo dos Mártires da Pátria. Artistas, músicos e profissionais do setor cultural volta a mobilizar-se para protestar contra a situação que se vive na cultura. A convocatória é do CENA-STE - o Sindicato dos Trabalhadores de Espetáculos, do Audiovisual e dos Músicos.
A estrutura sindical diz em comunicado que, devido à pandemia, “num sector em que domina a precariedade, os efeitos são catastróficos e à medida que o tempo passa, sem que sejam tomadas medidas de emergência e de fundo, as consequências são cada vez mais devastadoras”
Ainda recentemente os profissionais da cultura estiveram em vigília em frente à Assembleia da República, agora voltam a juntar-se. Segundo o CENA-STE este é “um sector que carece há muito tempo de um enquadramento legislativo adequado, que tenha em conta as suas características.”
Numa altura em que a ministra da Cultura, Graça Fonseca já se comprometeu até ao final do ano em tratar de um estatuto para os intermitentes da cultura, o sindicato explica na sua página de internet que já apresentou “ao Ministério da Cultura um caderno de medidas que procuram responder aos problemas urgentes, mas também a problemas antigos, que tardam em ser resolvidos”.
Segundo um inquérito levado a cabo pelo CENA-STE já depois da declaração do estado de emergência, e cujos resultados foram anunciados no início de abril, 98% dos trabalhadores de espetáculos viram os seus trabalhos cancelados. Em termos financeiros, o inquérito revelava que as perdas devido a cancelamentos representam dois milhões de euros, apenas para o período de março a maio deste ano.
Dados mais recentes, recolhidos em março mostravam que 85% dos trabalhadores questionados eram independentes e sem qualquer proteção laboral.
Face ás propostas apresentadas ao ministério da Cultura, o CENA-STE aponta que têm colhido “pouco mais que silêncio”. Por isso, o sindicato mais representativo do setor cultural fala em “tempos sombrios” isto, “enquanto o ministério da Cultura e o Governo adiam decisões de fundo”. A situação está a afetar “milhares de trabalhadores” que “viram os seus rendimentos suprimidos ou drasticamente reduzidos” e que em muitos casos não têm “qualquer proteção nos tempos próximos”
Em declarações à agência Lusa, Rui Galveias do CENA-STE explica que a ideia do sindicato é transformar as duas praças de Lisboa e Porto, “num grande avião, mas com regras de distanciamento e respeitando o distanciamento social, procurando assegurar que toda a gente está confortável e segura”.