28 mai, 2020 - 22:34 • Pedro Mesquita
Veja também:
O Presidente da Câmara de Loures defende o adiamento para a abertura dos centros comerciais na Grande Lisboa. Bernardino Soares diz que essa será a decisão mais avisada, numa altura em que ainda existem focos de contágio na região.
“Se assim for parece-me muito bem. Penso que essa decisão é a mais precavida neste momento, até que se apure melhor o que se está a passar e sejam tomadas as medidas necessárias para o inverter.”
Nestas declarações à Renascença, Bernardino Soares sublinha, contudo, que há três outros pontos essenciais para o alastramento da Covid, na Grande Lisboa, desde logo os transportes públicos onde, diz, as regras de segurança não estão a ser cumpridas.
“Pensamos que há três fatores essenciais que têm de ser atacados neste momento. Um primeiro são os transportes públicos. É preciso que o Governo tome a medida de injetar recursos na rede de transportes públicos para que as operadoras aumentem a sua oferta porque é muito difícil, neste momento, garantir que as regras são cumpridas. Elas não estão a ser cumpridas nos transportes públicos”.
“Uma segunda questão é a precariedade. Nós temos a consciência de que quanto mais precária é a sua inserção no trabalho, mais difícil é para as pessoas ficarem confinadas; e uma terceira é a questão da habitação. Diversas zonas, não só do concelho de Loures, mas da região, estão hoje cada vez mais sobrelotadas, por vezes com condições de habitabilidade diminuídas.”
Bernardino Soares lamenta que estes três fatores que refere afetem de forma mais clara as pessoas com menos recursos financeiros.
“São tudo fatores que levam a que o vírus se possa propagar. É que, ao contrário do que foi dito, ele não é democrático e, evidentemente, a fragilidade social cria condições mais propicias para a propagação do vírus”.
Já quanto à situação em Loures, Bernardino Soares reconhece que há casos preocupantes, mas compete às autoridades de saúde dizer quais são e tomar as medidas adequadas e o mais rapidamente possível.
“Há várias situações que me preocupam, mas têm de ser concretizadas pela autoridade de saúde. Essa fronteira não vou ultrapassar. Esta responsabilidade de definir as situações mais preocupantes, é das autoridades de saúde. A responsabilidade de dizer quais são as medidas a tomar, é das autoridades de saúde.”
“O que nós queremos é que tomem essas decisões, e criem essas medidas, o mais rapidamente possível. O que nos parece é que preciso por meios no terreno, meios da saúde – e a câmara está disponível, como sempre esteve. Meios no terreno que possam ir ao encontro das situações em que isto está a acontecer e criar condições para que elas não alastrem”, conclui Bernardino Soares.