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Marcelo à Renascença. "Em Lisboa não há uma situação descontrolada"

29 mai, 2020 - 10:09 • Inês Braga Sampaio

Marcelo Rebelo de Sousa confessou na Renascença que tem saudades de andar de avião, mas já foi duas vezes jantar fora e passou a última noite num hotel para verificar as condições de segurança. Revela que anda sempre protegido, com máscara, e tem feitos testes a cada 15 dias.

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O Presidente da República diz que a situação pandémica provocada pela Covid-19 em Lisboa não está descontrolada, mas pede cuidado e bom senso na terceira fase desconfinamento que arranca para a semana. Marcelo deixa o apelo para que não se baixe a guarda.

O boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) mostra a existência de os focos de contágio de Covid-19 na área da Grande Lisboa, nomeadamente Loures, Lisboa e Sintra. Em entrevista à Renascença, no âmbito da nova fase de desconfinamento, Marcelo Rebelo de Sousa aponta que "o que se passa agora em Lisboa não é o haver uma situação descontrolada", mas sim circunstância de dois fenómenos: "Um marcado por condições sócio-económicas. Pois há freguesias em que, nitidamente, existem fenómenos relacionados com áreas residenciais onde as situações socio-económicas são muito complicadas. Depois, há outro fenómeno diferente: é que Lisboa aumentou a realização de testes de forma muito significativa, como Cascais ou Oeiras, que têm valores elevados."

Por um lado, os focos em bairros residenciais, embora obriguem a "medidas muito específicas", são mais fáceis de controlar, "porque aí sabe-se qual é o fator de unificação e onde está o foco, sabe-se que é aquela comunidade e vai-se atrás das cadeias de transmissão".

Apelo à cautela

Já os focos em freguesias de classe média, com especial concentração na faixa etária dos 20 a 29 anos, merece um apelo do chefe de Estado: "Os jovens têm a sensação de que podem viver à vontade, por causa do menor risco, mas devem pensar que têm avós, têm pais e têm tios e comportar-se tendo em conta “o risco social dos outros”.

De qualquer forma, Marcelo assinala que Lisboa "teve sempre uma evolução muito específica" e que, apesar de ser, neste momento, o epicentro da pandemia de Covid-19, o "R" (índice de transmissibilidade) "não é muito diferente de outros países que já desconfinaram".

"O último número do 'R' [para Lisboa] é 1,02. Muito perto do um. Tem andado acima, abaixo, acima, abaixo", esclarece.

Nesta entrevista à Renascença, Marcelo Rebelo de Sousa deixa um apelo: “Façam a abertura que têm de fazer, mas sempre com cautela e com as medidas adequadas, verificando os efeitos”.

Testes de 15 em 15 dias

Sobre a estratégia pessoal de prevenção, relativamente ao novo coronavírus, o Presidente da República não só usa sempre máscara, quando anda na rua, como faz testes de diagnóstico de 15 em 15 dias.

"Fiz o primeiro quando fiz aqui o meu confinamento resultante da [visita à] escola de Felgueiras [onde houve um surto], no início de março. Antes do estado de emergência, quando voltei ao Palácio de Belém. Depois, fiz outro já em maio, outro no final de maio e, agora, um depois da ida a Ovar [que teve cerca sanitária]. Tem de ser, porque tenho uma responsabilidade de ir a mais cerimónias e estar mais exposto", justifica.

Em relação à sua experiência pessoal nesta fase de reabertura gradual de atividades e estabelecimentos encerrados devido à pandemia, Marcelo Rebelo de Sousa contou: “Esta noite que passou passei-a num hotel, para verificar as condições de higiene do hotel”.

“Achei que as condições são muito estritas. É um hotel que nunca fechou. São muito estritas. Tudo é desinfetado: a mala, a pasta, o computador. Há uma desinfeção de quem entra, há uma desinfeção permanente dos quartos. Mas tem de ser assim”, acrescentou.

O Conselho de Ministros vai reunir-se esta sexta-feira para fazer o balanço das medidas da segunda fase de desconfinamento e tomar decisões relativamente à terceira fase, que prevê a reabertura do pré-escolar, dos cinemas, teatros e salas de espetáculo.

De acordo com o plano do Governo, a partir de dia 1 de junho (Dia da Criança e o início da terceira fase do levantamento das restrições) os mais novos podem voltar a frequentar os jardins de infância.

No mesmo dia deverão reabrir os cinemas, teatros, auditórios e salas de espetáculos, mas com regras. As sessões deverão ter lotação reduzida e deve ser acautelado o distanciamento físico entre os espetadores, que terão lugares marcados.

A partir de junho, as empresas poderão também recorrer ao teletrabalho parcial, desde que os trabalhadores tenham “horários desfasados ou equipas em espelho”.

De acordo com o plano de desconfinamento, na terceira fase deverão reabrir as Lojas do Cidadão com obrigatoriedade do uso de máscara e atendimento por marcação prévia. Para esta fase está prevista também a reabertura ao pública de lojas com área superior a 400 metros quadrados, ou inseridas em centros comerciais.

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