11 jun, 2020 - 23:08 • Eunice Lourenço , Ricardo Vieira , Cristina Nascimento com Lusa
A estátua do Padre António Vieira erigida no Largo Trindade Coelho, na zona do Bairro Alto, em Lisboa, foi vandalizada, esta quinta-feira.
De acordo com a fonte do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP (COMETLIS), "houve uma projeção de tinta" vermelha sobre as figuras do Padre António Vieira e de três crianças, que compõem o conjunto de esculturas, tendo sido igualmente escrita a palavra "Descoloniza" na base do monumento.
Segundo a mesma fonte, depois do alerta da comunicação social, foram mobilizadas equipas de investigação criminal da PSP, que fizeram diligências no local "para recolher mais e melhores meios de prova" que possam levar à identificação dos autores.
Os danos em monumentos configuram crime público, disse o responsável da PSP de Lisboa, adiantando que o processo será agora reencaminhado ao Ministério Público.
A Câmara de Lisboa já avançou, entretanto com a limpeza da estátua. Na rede social Facebook, a autarquia escreve que já "procedeu à limpeza da estátua de Padre António Vieira, no Largo Trindade Coelho, que foi hoje (11 de junho), alvo de vandalismo", acrescentando que "todos os atos de vandalismo contra o património coletivo da cidade são inadmissíveis".
Antes da intervenção da Câmara, o presidente do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, já tinha vindo a público condenar o ato de vandalismo e garantir que se a autarquia não fosse rápida a intervir o ele próprio iria limpar a estátua.
Já ao fim da noite desta quinta-feira, o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, partilhava as fotos de limpeza da estátua, considerando que "a melhor resposta aos vândalos é a limpeza".
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Nascido a 6 de fevereiro de 1608, em Lisboa, com apenas seis anos António Vieira partiu com a família para o Brasil.
É conhecido como um defensor dos direitos humanos. Para a História fica o célebre “Sermão de Santo António aos Peixes”, proferido no Brasil, em que denunciou a desumanidade com que os colonos tratavam os indígenas e os escravos.
Em resultado das suas posições públicas, o sacerdote jesuíta foi expulso do estado do Maranhão pelos colonos, em 1661.
Neto de avó africana, o padre António Vieira realizou um trabalho de grande proximidade com as comunidades índias brasileiras, onde ficou conhecido como “Paiaçu” ou “Pai Grande”.
Diplomata e missionário, António Vieira aprendeu tupi-guarani e o quimbundo para comunicar com os indígenas e foi considerado por Fernando Pessoa um “imperador da língua portuguesa”.
Morreu em Salvador da Bahia, aos 89 anos. Como reconhecimento da importância do seu papel na História de Portugal, a cidade de Lisboa inaugurou, em 2017, uma estátua em homenagem ao padre António Vieira.
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