15 jun, 2020 - 14:23 • Lusa
Algumas dezenas de funcionários da Higiene Urbana da Câmara de Lisboa concentraram-se esta segunda-feira para pedir explicações à autarquia, que acusam de esconder casos de trabalhadores com covid-19.
A concentração decorreu em frente às instalações da Câmara Municipal de Lisboa (CML) nos Olivais e reuniu cerca de 40 pessoas, de acordo com trabalhadores contactados pela agência Lusa.
Um grupo destes funcionários entregou no departamento de higiene urbana da autarquia uma carta com as suas exigências e ameaçam parar a recolha do lixo se até às 20h00 de hoje não obtiverem esclarecimentos, disse à Lusa Fernando Torresão, um destes trabalhadores.
De acordo com Dário Lopes, outro dos funcionários, a concentração foi marcada pelas redes sociais por estes trabalhadores se terem apercebido de casos de covid-19 entre colegas, considerando que “os números não batem certo” e que “a parte grave é a ocultação de casos”.
“Nós sabemos que existem casos de covid-19 na Câmara Municipal de Lisboa e a CML está a ocultar-nos esses mesmos casos e nós, trabalhadores, estamos a trabalhar a medo. É complicado. (…) Não há testes, não se fazem testes a pessoas que eles sabem que estão contaminadas ou que estiveram perto dessas pessoas”, disse, sublinhando que “é uma questão de saúde pública” e da saúde dos trabalhadores.
Na carta entregue, a que a Lusa teve acesso, os trabalhadores exigem ainda a "higienização dos balneários e acessos após utilização de cada turno de colaboradores", o "reforço nos meios de higienização para as viaturas de recolha de resíduos urbanos", a "formação de equipas de trabalho fixas , bem como viaturas que fiquem a cargo dos mesmos motoristas" e sensibilização "para que as chefias ou portarias que estão encarregues de fazer o controlo de temperatura tenham consciência do equipamento e da sua devida utilização".
De acordo com este funcionário, trabalham na Higiene Urbana cerca de mil pessoas.
A Lusa questionou sobre este assunto o gabinete do vereador responsável pela Higiene Urbana, Carlos Castro, mas ainda não obteve resposta.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 433 mil mortos e infetou mais de 7,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.517 pessoas das 36.690 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.