15 jun, 2020 - 16:21 • Lusa
O Presidente da República condenou esta segunda-feira a vandalização da estátua do padre António Vieira, em Lisboa, que considerou um gesto "verdadeiramente imbecil" contra a memória do "maior orador português" e "um homem progressista" para a sua época.
"Quanto ao padre António Vieira, o que foi feito demonstrou, não só ignorância, como imbecilidade", declarou Marcelo Rebelo de Sousa, em resposta a questões dos jornalistas, nas instalações da RTP, em Lisboa, depois de dar uma aula em direto para o projeto de ensino à distância #EstudoEmCasa.
O chefe de Estado manifestou-se contra a vandalização e destruição de estátuas, em geral, defendendo que a História deve ser assumida como um todo, e referiu-se em particular à estátua inaugurada em 2017 no Largo Trindade Coelho, em Lisboa, do padre António Vieira com três crianças ameríndias, onde na semana passada foi pintada a vermelho a palavra "descoloniza".
Marcelo Rebelo de Sousa argumentou que "a ignorância pode não ser imbecil, pode ser uma ignorância bem-intencionada, pode ser uma ignorância negligente", mas que neste caso "é difícil não se saber que o padre António Vieira foi das grandes personalidades da História do país".
O Presidente da República acrescentou que o missionário jesuíta do século XVII "lutou pela independência, foi um grande diplomata, foi um homem progressista para aquela altura, perseguido pelos colonos portugueses no Brasil, perseguido pela corte, a certa altura, perseguido pela Inquisição".
"Foi um homem dos maiores escritores portugueses, foi o maior orador português", prosseguiu o chefe de Estado concluindo: "Portanto, para a sua época, este homem, que era um visionário, ser considerado um exemplo do que se quer destruir e demolir de memória, de testemunho da nossa História, é uma coisa imbecil, verdadeiramente imbecil".