16 jun, 2020 - 15:28 • Lusa
O ministro da Administração Interna considera que o país está mais bem preparado para enfrentar a época de fogos florestais, apoiando-se na redução de fogos de grandes dimensões conseguida desde 2017.
Na apresentação do Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais, publicado esta terça-feira em Diário da República, Eduardo Cabrita afirmou que há mais meios, mais profissionalizados e que os vários componentes do sistema estão mais bem ligados.
O seu colega do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, admitiu que a pandemia perturbou os planos iniciais e que os programas de ação que vão completar o plano só deverão estar aprovados no próximo outono para estarem em vigor a partir do início do próximo ano. Questionado sobre críticas do Observatório Técnico Independente criado pelo parlamento, que manifestou dúvidas sobre a preparação do país para lidar com fogos com as dimensões dos de 2017, que mataram mais de 100 pessoas, o ministro afirmou que “não faz sentido fazer projeções especulativas”.
“Cá estaremos em outubro e novembro a fazer, com a mesma transparência, o balanço de 2020”, afirmou, referindo que medidas como as alterações na gestão da floresta, na limpeza de propriedades, que vêm antes do combate a incêndios, são ações que “muitas vezes, só têm efeitos a médio prazo, em alguns casos a longo prazo”.
“É nesta dimensão que estamos a mudar o sistema, estas transformações são profundas”, afirmou Eduardo Cabrita, reconhecendo que “o risco existe”, agravado pelas alterações climáticas.
Três anos dos incêndios
As 66 mortes, os mais de 250 feridos, as 500 casas(...)
O ministro afirmou que o ano de 2020, pelas previsões da meteorologia, “vai ser um ano difícil”, mas notou que já em 2018 e 2019 houve temperaturas recorde, nomeadamente na primeira quinzena de agosto de 2018 e em setembro de 2019, e que mesmo assim nesses anos se conseguiu uma redução do número de ignições (menos 49% que na década anterior) e de área ardida (menos 71%).
De 63 fogos com mais de mil hectares de dimensão em 2017, passou-se para um em 2018 e dois em 2019, lembrou, ressalvando que a melhor homenagem que se pode prestar às vítimas dos incêndios de 2017 é “não descansar sobre os resultados de 2018 e 2019”.
No dispositivo de combate montado, os números a apresentar no plano incluem um aumento de 21% nos efetivos ao serviço durante a fase mais crítica dos incêndios, que passam a ser 11.825, há 60 meios aéreos (mais 25% que em 2017) contratados a quatro anos, já 329 equipas profissionais de bombeiros espalhadas pelo território e vão ser criadas mais 40 este ano.
No que toca à participação da GNR no dispositivo de combate, aumentou de 500 para 1.200 efetivos em unidades de Emergência, Proteção e Socorro, indicou ainda.
O ministro referiu ainda que os bombeiros profissionais vão passar a receber 54 euros (mais quatro) por dia e que aumentou em 10% o subsídio de alimentação durante a fase de combate.
Quanto ao sistema de comunicação de emergência, o SIRESP, está desde de dezembro “a ser gerido publicamente” e teve um reforço de 400 antenas satélite, referiu.
Antes do combate, referiu João Pedro Matos Fernandes, entre as medidas para gerir melhor a floresta estão 100 milhões de euros mais 45 milhões do Fundo Ambiental para pagar serviços de ecossistemas – “Plantar e gerir” – aos proprietários florestais em contratos a 15 ou 20 anos.
Na vigilância, há 100 novos vigilantes florestais contratados e 50 novas equipas de sapadores florestais, e vão ser comprados 12 'drones' de grande alcance para vigiar a floresta, indicou.