17 jun, 2020 - 09:09 • Fátima Casanova
O violento incêndio que deflagrou ao início da tarde de 17 de junho de 2017, no concelho de Pedrógão Grande, distrito de Leiria, foi o mais mortífero fogo registado em Portugal. Um processo longo, que as famílias querem ver concluído. Para além de atrasos na justiça, há ainda críticas à falta de eficácia na prevenção de incêndios, como revelou à Renascença a presidente da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrogão Grande.
Três anos depois aguardam julgamento, entre outros responsáveis, os presidentes dos municípios de Castanheira de Pera, Fernando Lopes, de Figueiró dos Vinhos, Jorge Abreu e de Pedrógão Grande, Valdemar Alves em funções à data dos factos.
Um processo longo, que as famílias querem ver concluído o quanto antes para fecharem um ciclo. “Para que o luto possa ser feito de forma mais correta”, sublinha Dina Duarte, defendendo que “o que interessa é que seja marcado o julgamento, para que sejam apurados os responsáveis e seja feita justiça”.
Para além dos atrasos da justiça, a associação reclama mudanças no que toca à gestão florestal. Garante que “as grandes mudanças que pretendiam que acontecessem em termos de gestão, de reorientação, de reorganização florestal, não existem”.
Ainda assim, reconhece que “há algum cuidado no corte de árvores junto das aldeias, das estradas municipais e nacionais, no sentido de se tornarem mais seguras”.
A presidente da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrogão Grande avisa que se as raízes dos eucaliptos não forem arrancadas, os problemas mantêm-se, “o eucalipto vai rebentar, porque é uma árvore que não morre”.
Tal como há tês anos, Dina Duarte diz que as comunicações continuam a falhar. Admite “alguma mágoa” porque apesar de todo o esforço que a associação tem feito para alertar para a falta de telecomunicações, “nada melhorou em termos de qualidade de sinal”.
Dificuldades que a Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande quer denunciar junto do Governo, depois de esgotadas todas as outras vias. Dina Duarte garante que já foram feitas inúmeras queixas junto da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM), e junto de todos os operadores de telecomunicações, mas sem sucesso. Agora vira-se para o Governo, com quem quer reunir para denunciar o que está mal na região de Pedrogão Grande, numa altura em que continuam por aplicar 815 mil euros de donativos de cidadãos e de empresas.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, assinala a data, ao participar às 11h00 numa missa em Figueiró dos Vinhos, concelho vizinho a Pedrógão Grande e que também foi atingido pelas chamas. Também a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, participa na missa, na igreja do Convento de Nossa Senhora do Carmo.
Estimativas feitas pouco tempo depois dos incêndios apontavam para que os prejuízos provocados na floresta ultrapassassem os 83 milhões de euros, enquanto os danos em habitações ascendiam a mais de 27,6 milhões de euros, na indústria e turismo a perto de 31,2 milhões de euros, na agricultura a 20 milhões de euros e noutras atividades económicas a mais de 27,5 milhões de euros.
Os danos provocados em infraestruturas municipais foram então avaliados em cerca de 20 milhões de euros e na rede viária nacional em perto de 2,6 milhões de euros.
Reportagem
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