18 jun, 2020 - 19:50 • Henrique Cunha
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O Presidente da Ordem dos Médicos do Sul diz que não teve intenção de pedir que se feche o Algarve caso a região venha a ser afetada por um surto de cem casos de Covid-19.
Ouvido pela Renascença, Alexandre Valentim Lourenço garante que apenas fez uma analogia com Pequim, que fechou aeroportos com cem casos e que o Algarve tem de ter medidas especificas para implementar em caso de um surto, neste Verão.
Os responsáveis do turismo do Algarve não gostaram da sua sugestão de que poderia ser necessário fechar a região.
Não estou a dizer que vamos ter de fechar o Algarve. O Algarve tem até este momento um ou dois meses para ter um plano adaptado para que, caso haja um surto, tenha medidas para o resolver. A minha intenção não foi fechar o algarve, a minha intenção foi dizer que estamos dispostos a colaborar para que, com tempo, seja possível montar um plano numa região particularmente difícil. As minhas declarações foram interpretadas provavelmente muito mal por parte dos responsáveis do turismo do Algarve. Eu acho que não se deve fechar a economia, mas tem de se evitar que a economia tenha um rombo secundário a uma infeção. Eu penso que a ARS do Algarve deverá estar a tomar medidas especificas para que isso não aconteça.
O que motivou esta reação foi a sua declaração: "Se tivermos um surto de cem casos em Faro ou Portimão vamos ter de fechar o Algarve"....
Eu fiz uma analogia com Pequim. Disse que Pequim fechou aeroportos com cem casos e que o Algarve tem de ter medidas especificas que pode ter de implementar nessa altura, caso haja um surto.
E isso é muito diferente das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, que tiveram muitos mais casos?
Porque o Algarve tem um hospital em Faro e um em Portimão, que no período do verão normalmente não são suficientes para as urgências. Em Lisboa e Porto conseguiram-se adaptar porque tiveram tempo e prepararam as coisas com um mês e tinham vários hospitais e uma rede a trabalhar. E o Algarve não tem uma grande rede e por isso tem de tomar medidas com mais tempo já, para que se houver um período com um surto aumentado tenha capacidade de responder sem ter de transferir os doentes para Lisboa ou ter de fechar o Algarve. O desconfinamento na área de Lisboa tem mostrado alguns indicadores preocupantes nas camadas mais jovens e não queremos que isso se repita no Algarve.
Como olha para os números do Algarve com os recentes aumentos de casos? As autoridades estão a atuar bem? A capacidade instalada é suficiente?
Nesta altura é. O controlo do surto inicial é a chave do sucesso no combate às epidemias. Neste momento o Algarve tirou as suas lições e encontrou certamente os focos de infeção e está a tratar deles. Cumpre-nos a nós avisar, alertar que daqui a um mês há uma migração de muitas pessoas de outras regiões do país para passar férias no Algarve, e por isso não se pode desleixar, não se pode deixar de ter recursos e tem de se ter um plano muito bem preparado para funcionar nos meses de junho, julho e agosto no Algarve, no período de verão.