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Promotor da festa ilegal de Odiáxere pede desculpa por "dimensão trágica" do evento

21 jun, 2020 - 10:05 • Lusa

Clube conta que foi um particular que solicitou a utilização do salão do clube para “a realização de uma festa de aniversário de cariz familiar e particular, para um máximo de 20 pessoas”.

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O Clube Desportivo de Odiáxere, em Lagos, onde foi realizada a festa ilegal que originou um foco de Covid-19, pediu desculpas pela “dimensão trágica” que o acontecimento atingiu, mas assinala que foi a direção que chamou as autoridades.

Num longo esclarecimento publicado no sábado na sua página do Facebook, o clube desportivo relata como foi solicitada a realização da festa de aniversário, que ocorreu no salão de festas do clube, no passado dia 7 de junho, e da qual resultou a infeção de 90 pessoas com Covid-19, segundo dados avançados pelas autoridades de saúde.

A direção do clube afirma que o esclarecimento visa “expor a verdade dos factos, na primeira pessoa, sem subterfúgios ou inverdades, assumindo como sempre”, todas as suas responsabilidades, desejando "por fim, que tão breve quanto possível, este episódio seja terminado e sem mais consequências”.

“Sentimo-nos extremamente lesados e enganados por tudo o que ocorreu”, afirma, adiantando que, “desde a primeira hora”, prestaram todas as declarações, “com transparência, embora, e muito naturalmente, bastante tristes e abalados com o desenrolar de todos os acontecimentos”.

O clube conta que foi um particular que solicitou a utilização do salão do clube para “a realização de uma festa de aniversário de cariz familiar e particular, para um máximo de 20 pessoas”.

“Solicitação à qual o clube atendeu positivamente, agindo com base na boa-fé, após muita ponderação e tendo em consideração a grande dimensão do salão, o número máximo de pessoas previamente acordado, os cuidados de proteção, higiene e o distanciamento a que todos estamos sujeitos nos nossos relacionamentos segundo as diretivas gerais em vigor”, sublinha.

Contudo, conta, cerca das 18h30, “o número de pessoas já ultrapassava o acordado”, tendo a direção do clube “de imediato” denunciado a situação à GNR, que cancelou a festa e identificou o organizador.

De imediato, foi realizada uma desinfeção a todo o edifício e toda a sua envolvência e foram feitos testes à covid-19 aos funcionários do clube e alguns membros da direção, tendo um funcionário dado positivo, “mas que não foi transmitido no dia 7 de junho”.

“Atendendo às reais repercussões deste muito triste e infeliz acontecimento, nas suas dimensões humanas e económicas, com transtornos enormes para o concelho, região e país, queremos deixar o nosso mais sincero e humilde pedido de desculpas pela dimensão trágica em que se tornou a nossa resposta positiva à solicitação da realização de uma festa de aniversário de caráter familiar e particular no salão de festas do nosso clube”, sublinha no comunicado.

A ministra da Justiça pediu, na sexta-feira, à Procuradoria-Geral da República a intervenção do Ministério Publico para a "instauração de ações indemnizatórias contra os promotores" da festa ilegal em Odiáxere.

As autoridades de saúde do Algarve já tinham manifestado, em conferência de imprensa, a vontade de que fossem atribuídas responsabilidades aos organizadores do evento.

Na festa participaram pessoas de diferentes concelhos e de várias nacionalidades, havendo infetados entre pessoas da mesma família, incluindo crianças e, também, entre colegas de trabalho.

O surto originado por aquela festa já provocou a suspensão de visitas aos utentes em 24 equipamentos sociais do barlavento (oeste) algarvio, num total de 13 estruturas - entre lares de idosos, unidades de cuidados continuados, lares de jovens e de saúde mental -, situadas em oito concelhos.

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