24 jun, 2020 - 07:51 • Anabela Góis , com redação
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O desconfinamento poderia ter sido feito de forma mais lenta e controlada para conter o aumento de casos de Covid-19 em Portugal, que era previsível nesta fase, defende o diretor de infecciologia do Hospital Curry Cabral, em Lisboa.
Em declaração à Renascença, Fernando Maltez considera que a situação em Lisboa está descontrolada, mas não é dramática e pode ser revertida.
“Penso que, eventualmente, o desconfinamento poderia ter sido feito de uma forma um bocadinho mais lenta. Não se ter desacelerado nas medidas de restrição de uma forma tão rápida.”
“Talvez, se fosse de uma forma mais gradual, teria evitado esta subida dos números, mas penso que a situação, embora descontrolada, não é dramática. Pode perfeitamente reverter com dois ou três passos atrás nas medidas de não restrição que tinham sido implementadas”, sublinha o diretor de infeciologia do Hospital Curry Cabral.
Fernando Maltez considera que há vários fatores a contribuir o aumento do número de casos na Grande Lisboa, desde logo, “alguma saturação das pessoas em relação ao confinamento, não só do ponto de vista do distanciamento social, mas também provocada pelas repercussões económicas e sociais, pela perda de empregos, pela necessidade de trabalhar para ganhar dinheiro”.
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No Hospital Curry Cabral, os internamentos por Covid-19 têm aumentado proporcionalmente ao aumento de casos na região de Lisboa e Vale do Tejo, afirma Fernando Maltez.
Nesta altura, aquela unidade tem 53 doentes internados com Covid-19, com idades entre os 50 e os 80 anos. “Estamos confortáveis em relação à capacidade de resposta”, sublinha o responsável.
O especialista também identifica “comportamentos errados e irresponsáveis” de determinadas partes da população”, nomeadamente entre os jovens que têm protagonizado vários casos de ajuntamentos.
Estas situações podem ter sido precipitadas pelo facto de os jovens “assistirem a comportamentos desse tipo em pessoas mais idosas, por assistirem a manifestações que não deveriam ser autorizadas e foram autorizadas”, adverte.
Se estes comportamentos por parte das faixas etárias mais novas “se continuarem a perpetuar, tem que se procurar uma estratégia de melhor informação".
As medidas tomadas agora pelo Governo são as necessárias na região de Lisboa e Vale do Tejo? Fernando Maltez considera que serão os números a dar essa resposta.
“As medidas são acertadas. Vamos ver se são suficientes, se isto se repercute no número de novos casos, se as pessoas acabam de uma vez por todas de desrespeitar aquilo que está implementado. As próximas semanas irão dizer se estas medidas são suficientes ou se é preciso restringir ainda mais as liberdades”, sublinha o diretor de infecciologia do Hospital Curry Cabral.
Numa reação a estas declarações, o Presidente da República disse, no final de uma reunião com especialistas no Infarmed, que a situação não está fora de controlo nem em LVT nem no resto do país.
“Em momento algum se encontrou a ideia de descontrolo da pandemia, quer a nível nacional quer em Lisboa e Vale do Tejo, quer na evolução no número de mortes que na pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde", disse Marcelo Rebelo de Sousa, em conferência de imprensa.
Por seu lado, de acordo com Ricardo Batista, do PSD, os epidemiologistas da Direção-Geral da Saúde dizem que a situação na região de Lisboa e Vale do Tejo corresponde à "representação de uma segunda onda da Covid-19" e pede medidas para travar a evolução da pandemia.
[notícia atualizada às 17h07]
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