25 jun, 2020 - 19:41 • Henrique Cunha
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O Presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, Ricardo Mexia afirma que as medidas anunciadas pelo Governo para combater os mais recentes surtos de Covid-19 "pecam por tardias", embora sejam as necessárias.
“Era expectável que se tivessem antecipado os problemas e que se tivesse planeado esta retoma das atividades. E o que constatamos é que isso não aconteceu e estamos agora a correr atrás do prejuízo para emendar situações que se podiam ter antecipado”, diz.
“Portanto, a estratégia em vez de ser reativa devia ser proativa. E a expetativa é que rapidamente, através da alocação de recursos que não existiam, isso possa permitir o controlo da situação. Isso terá de ter em conta naturalmente as realidades concretas de cada contexto. Sabemos que há locais com maiores dificuldades, outros em que a situação está mais controlada. Este planeamento devia ter acontecido, mas constatamos que não se efetivou. Portanto, estas medidas são as necessárias, se calhar pecam por tardias e se tivesse havido um planeamento, se calhar podíamos ter evitado que as coisas atingissem esta magnitude”, afirma ainda o presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública.
Neste sentido, Ricardo Mexia compreende o facto de o Governo anunciar agora diferentes velocidades no desconfinamento.
“Nós sabemos que as medidas que estão implementadas causam disrupção, causam restrições e, portanto, devem ser minimizadas sempre que não for estritamente necessário. E nesse sentido, eu julgo que há aqui uma necessidade de identificar quais são as questões concretas e intervir sobre elas.”
“A minha expetativa é que se identifiquem as tais vulnerabilidades e que se possa alocar recursos para combater esses problemas. A tal estratégia mais especifica do ponto de vista geográfico, do ponto de vista de ter medidas concretas para diferentes zonas parece-me correta, mas também podia ser adotada logo desde início, não é?”, pergunta.
A vasta maioria do país já está numa fase adiantada de desconfinamento, mas a região de Lisboa e Vale do Tejo tem assistido a alguns surtos de Covid-19, levando o Governo a impor outro tipo de restrições na região.