26 jun, 2020 - 10:10 • José Pedro Frazão
Dentro de poucos dias os trabalhadores do Centro Dramático de Évora (Cendrev) vão para o desemprego, alerta o diretor da instituição em declarações ao programa “Da Capa à Contracapa” da Renascença.
O “lay-off” está quase a terminar e os funcionários do Cendrev, que gere o Teatro Garcia de Resende, pode perder os seus postos de trabalho, admite José Russo.
"Só vamos ter condições de ficar em ‘lay-off’ até ao final do mês de junho. Estar em ‘lay-off’ pressupõe que a entidade tem que suportar alguns custos que, ainda que sejam muito reduzidos em relação ao normal, já não temos condições de suportar a partir de julho. Em julho vamos todos para o desemprego", afirma o diretor do Centro Dramático de Évora.
José Russo diz que não é possível continuar a trabalhar só com o apoio da autarquia eborense, mas não quer acreditar que isto significa o fim de uma companhia com 45 anos de história.
"Não vou dizer que termina. Nós não queremos que termine. O percurso que fizemos é muito importante. Era muito importante continuá-lo. Para isso temos que ter condições mínimas de trabalho. Não é possível continuar a trabalhar só com o financiamento local ou regional. Temos que ter um financiamento nacional, do Estado e do Governo", sublinha em declarações ao programa “Da Capa à Contracapa” da Renascença.
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Foi precisamente por terem apoio financeiro da Câmara de Évora que o Cendrev foi excluído do apoio de emergência aberto pelo Governo para as estruturas culturais.
"Concorremos ao apoio de emergência, mas fomos excluídos. Fomos uns dos muitos excluídos. Como tínhamos algum apoio da Câmara de Évora, essa condição excluiu-nos e a muita outra gente. Sei que quem teve acesso na região do Alentejo - e só conheço um caso - ainda não recebeu nada", explica José Russo.
Perante as dificuldades agravadas pela pandemia de Covid-19, o diretor do Centro Dramático de Évora não tem dúvidas de que a cultura em Portugal está a definhar.
"No tecido cultural em geral, com uma ou outra exceção que vive um pouco melhor, a regra é que isto está a definhar. É preciso fazer uma inversão, sob pena de perdermos práticas artísticas, relação com públicos e escolas que levam muito tempo a construir e que facilmente se podem apagar", diz José Russo, num apelo ao poder político.
As reflexões sobre a precariedade dos vínculos laborais na Cultura é o tema do "Da Capa à Contracapa", que pode ouvir na Renascença este sábado às 9h30.