29 jun, 2020 - 14:36 • Eunice Lourenço
O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, diz que a CP já está a operar a 100 por cento e não há forma de aumentar a oferta de comboios em todo o país e, em especial, na Linha de Sintra.
“A CP já tem 100 por cento da oferta disponível, nós não temos capacidade nem infraestrutura para aumentar o numero de comboios em circulação”, reconheceu o ministro, num encontro com jornalistas em que também estiveram presentes o presidente da CP e o presidente da Infraestruturas de Portugal. O objetivo foi tentar contrariar a ideia de que os comboios são um fator de aumento do contágio por Covid-19, sobretudo na zona de Lisboa.
De acordo com os números apresentados, só sete dos 200 comboios diários da Linha de Sintra ficam perto da lotação máxima recomendada de dois terços da lotação e só um comboio terá ultrapassado esse limite, num dia de jogo do Benfica. Na zona do Porto, só dois comboios, com saída de Marco de Canavezes, ficam perto dessa lotação de dois terços da capacidade máxima.
Outro dado apresentado para contrariar a ideia de que há contágio nos comboios é o número de infetados. Dos dois milhares de trabalhadores da CP que andam diariamente nas composições, só foram registados 9 infetados: 3 revisores e 6 maquinistas. Na IP, dos mil trabalhadores que andam no terreno só foram registados duas infeções, ambos em contexto não laboral.
Reforços só a médio ou longo prazo
A médio prazo, a partir de setembro, a CP vai analisar a possibilidade de aumentar ligeiramente a frequência de comboios na Linha de Sintra. “Não quero criar grandes expectativas porque os ganhos, se forem possíveis - não sei se são – serão sempre marginais”, avisou o ministro, lembrando que qualquer alteração de horários naquela linha implica alterações generalizadas na circulação ferroviária no país.
Quanto ao longo prazo, haverá possibilidade de aumentar a capacidade, mas só daqui a alguns anos. Por um lado, com compra de mais composições. Por outro, com o alargamento da gare do Oriente, para permitir que mas comboios deem ali a volta em vez de terem de ir mais para Norte, onde a procura não justifica.
Máscaras e desencontro de horários
Não sendo possível alterações no curto prazo, a solução do ministro é reforçar as recomendações.
“É fundamental que respeitem lei e usem a máscara, não só dentro do comboio, mas também dentro da estação. E têm a certeza que limpamos os comboios, quando possível mais de uma vez por dia”, pediu o ministro.
Outra recomendação é que os utentes não se concentrem nas primeiras carruagens. E se possível desencontrem horários.
“A procura está concentrada nalgumas horas, as chamadas horas de ponta, e não posso negar que o desencontro de horários nos serviços e nas empresas ajudariam a espalhar a procura por mais horários. Mas isso não depende diretamente da CP, é todo um trabalho que provavelmente o pais e os grandes centros urbanos e a sociedade portuguesa terá um dia de discutir”, disse o ministro em declarações aos jornalistas.
Na mesma ocasião, o ministro das Infraestruturas recusou responder a qualquer pergunta sobre as negociações para o empréstimo de 1200 milhões de euros à TAP, apesar de o acionista privado ter vindo agradecer o apoio do Estado e, aparentemente, aceitar as condições.