30 jun, 2020 - 08:42 • Anabela Góis
Afinal, o que se passa com os transportes na Grande Lisboa? Os transportes públicos são apontados como um dos fatores para o elevado número de casos de Covid-19 na região, pois está a ser cumprir as regras do distanciamento social.
Um dos pontos críticos é a Linha de Sintra, que transporta os passageiros do segundo concelho do país com mais casos.
Entre Sintra e Lisboa circulam, todos os dias, largos milhares de pessoas e são frequentes os relatos de comboios cheios, em determinados horários, com passageiros a viajar de pé.
Qual a razão para não haver um aumento na oferta de comboios?
A oferta não é aumentada porque, como diz o ministro das Infraestruturas, não há mais comboios. Pedro Nuno Santos, num encontro na segunda-feira com o presidente da CP e o presidente da Infraestruturas de Portugal, afirmou que em breve não pode haver reforço de comboios e desmentiu a ideia de que os comboios sejam o motivo motivos para o aumento do contágio da Covid-19, sobretudo na zona de Lisboa.
Quais são os números apresentados por Pedro Nuno Santos?
De acordo com dados oficiais, sete dos 200 comboios diários da Linha de Sintra atingem perto da lotação máxima recomendada de dois terços da lotação. Na zona do Porto, são apenas dois os comboios – ambos com saída de Marco de Canavezes – que ficam perto do limite de dois terços da capacidade máxima. Segundo a CP, a maioria dos comboios circula com cerca de 40% de ocupação.
Outro dado apresentado pelas autoridades para contrariar a ideia de que há contágio nos comboios é o número de infetados na própria CP: apenas três revisores e seis maquinistas contraíram a doença, apesar de dois mil trabalhadores andarem diariamente de comboios.
Na Infraestruturas de Portugal, entre os mil trabalhadores que andam no terreno, registaram-se até agora apenas duas infeções e ambas em contexto não laboral.
Na Suíça, Alemanha, França e Espanha não há limites de lotação nos comboios, ao contrário de Portugal, onde vigora a recomendação de só usar dois terços da capacidade.
Quais as soluções apresentadas?
Não sendo possível fazer alterações no curto prazo, a solução do Governo é apostar no reforço das recomendações para que seja respeitada a lei que obriga ao uso de máscara dentro dos comboios e nas estações, e para que os utentes não se concentrem nas primeiras carruagens.
É pedido às empresas que desencontrem os horários de trabalho para ajudar a dispersar a procura dos transportes públicos.
Qual a proposta para os problemas no transporte das carreiras de autocarros?
Está previsto que existam mais autocarros a partir de quarta-feira, dia 1 de julho. Na área de Lisboa, estarão a circular entre 50% e 60% das carreiras que existiam antes da pandemia, que devem passar a 90%, mas ficando ainda abaixo do número de autocarros que circulava antes de o novo coronavírus chegar ao país.
No Porto, a Associação Nacional de Transportes de Passageiros diz que será muito difícil os operadores conseguirem repor toda a frota na rua a partir de quarta-feira. Há zonas muito deficitárias, como a Lixa (no concelho de Felgueiras) ou Covelo e Fânzeres (em Gondomar), que estão praticamente desprovidas de transportes.