30 jun, 2020 - 12:29 • Liliana Monteiro
“As pessoas precisam de fazer a sua vida e nós não temos capacidade efectiva relevante, temos limitações na infraestrutra e material circulante para aumentar oferta”, admitiu o ministro Pedro Nuno Santos ouvido na Comissão de Economia, Inovação, Obras publicas e Habitação, no Parlamento.
A questão surgiu do lado do CDS-PP que confrontou o governante com a sobrelotação dos meios de transporte, em particular o ferroviário e as imagens que mostram a impossibilidade de distanciamento social. O ministro respondeu: “estamos numa encruzilhada”, “todos os comboios que tínhamos para a área de Lisboa, estão em circulação e a perder dinheiro porque a lotação é abaixo do dois terços”.
Num discurso empolado o ministro Pedro Nuno Santos afirmou “aqui ninguém está a dizer que não temos problemas nos transportes públicos. Claro que temos problemas. Antes do Covid-19 os comboios de Sintra estavam a funcionar com 160% da capacidade. Descobriram agora que há problemas? Tem muitos anos.”.
Recorreu das cábulas para dar informação mais precisa sobre esta matéria. “A lotação média nas horas de ponta: Sintra - Alverca 35%; Sintra-Rossio 26%; Azambuja- Santa Apolónia- 22%;
Governo e CP tentam contrariar ideia de que os com(...)
“CP perde 12 milhões por mês. Temos um problema sério em mãos”
“Já estivemos a perder 22 milhões, agora são 12 milhões. Não apenas por causa da restrição de passageiros, mas por falta de procura. Temos um problema sério em mãos”, revela o ministro das Infraestruturas.
Pedro Nuno Santos admitiu que “estamos a perder muito dinheiro na CP e estou preocupado com a saúde financeira da empresa”.
Confrontado com as fotografias constantes nas redes sociais que mostram comboios cheios, o ministro esclareceu que muitas induzem em erro e não correspondem a uma sobrelotação total da composição. Pedro Nuno Santos recorreu a indicadores internacionais que dão conta de que a carga chega ao máximo quando existem 5 pessoas por metro quadrado.
O governante lembrou que a nível europeu apenas Portugal decidiu diminuir a capacidade dos transportes públicos. “Temos países com nível de utilização de transportes públicos, na sua totalidade, que não estão a ter surtos conhecidos por causa disso. As medidas não são diferentes, é o uso de máscara e higienização dos espaços. Somos dos poucos países com lotação restringida nos transportes públicos”.
Pedro Nuno Santos admitiu que “o distanciamento de dois metros num comboio é impossível. Esta é uma questão delicada. Temos dois mil trabalhadores da CP a trabalharem dentro do comboio, entre estes houve até agora apenas três infetados. Fazemos a higienização diariamente e quando é possível mais de uma vez por dia. 700 trabalhadores fazem a limpeza e não houve ainda positivos entre eles”.
Admitindo o ministro que tal avaliação não permite dizer que não há risco, “claro que existe, mas temos de por o risco no seu devido sitio”.