02 jul, 2020 - 16:06 • Lusa com Redação
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) alerta para o facto de o prémio aos profissionais de saúde, aprovado na quarta-feira, por proposta do PSD, "não compensa o risco" e "pode deixar de fora a maioria dos médicos" que participam no combate à pandemia de covid-19.
Para a Federação Nacional dos Médicos a proposta aprovada na especialidade do Orçamento Suplementar não é “clara quanto à identificação dos profissionais" que serão abrangidos pelo prémio.
Sublinha por isso que todos os profissionais, independentemente do local onde exercem funções (centros de saúde, urgências hospitalares, consulta, internamento ou, como a Saúde Pública, na comunidade), mesmo que em instituições ou unidades não exclusivamente dedicadas à covid-19, "têm tido um papel crucial na resposta à pandemia", não só assegurando o atendimento a doentes com coronavírus, como também mantendo a prestação de cuidados a todos os restantes utentes, afirma em comunicado.
Este sindicato dos médicos espera que o Governo “não crie agora desigualdades injustificáveis entre profissionais de saúde", advertindo que os médicos "não aceitam outra atitude da tutela que não seja o reconhecimento do enorme esforço e abnegação" destes profissionais durante a pandemia.
Considera ainda a FNAM que a "atribuição pontual de um prémio de desempenho e de majoração de dias de férias em 2020", como previsto na proposta aprovada ontem, "não compensa de forma justa" o risco a que os médicos estão sujeitos, diariamente e ao longo do exercício da sua profissão, por isso, afirma, "tal prémio não pode, em qualquer circunstância, substituir o estatuto de risco e penosidade que a FNAM sempre tem defendido”.
A FNAM diz que "aguarda uma posição de abertura por parte do Ministério da Saúde para negociar a proposta de estatuto de risco e penosidade acrescidos da profissão médica", que recentemente apresentou ao governo.
Em Portugal o número de profissionais de saúde infectados com covid-19 ronda os 3.700 (entre eles 561 médicos e 1.180 enfermeiros), sendo que 3.053 já foram dados como curados, segundo o Ministério da Saúde.