03 jul, 2020 - 11:13 • Fátima Casanova
O uso e eventual abuso de material descartável - nomeadamente, restaurantes, cafés e cabeleireiros - está a preocupar o Ministério do Ambiente e da Ação Climática (MAAC), que receia os impactos ao nível da saúde pública e ambiental.
Em entrevista à Renascença, a secretária de Estado do Ambiente assume que a tutela está a encarar este aumento súbito de material descartável “com séria preocupação”, porque “os descartáveis levantam questões relacionadas sobretudo com o uso potencialmente abusivo de plástico”. Inês dos Santos Costa alerta que estes materiais, “são praticamente indestrutíveis, porque a reciclagem ainda esta limitada”, no que toca a soluções técnicas.
Nesse sentido, o ministério lançou o desafio, junto das áreas governativas da economia e da saúde, para desmistificarem a necessidade de recorrer a produtos descartáveis, como única forma de assegurar a saúde pública.
O Governo está a preparar uma campanha que visa sensibilizar para o uso ponderado dos produtos de utilização única. “É dedicada à área dos resíduos”, porque, segundo diz a secretária de Estado há que “ter alguma ponderação na maneira como agimos” e, por isso, deve-se “utilizar as máscaras e luvas descartáveis, onde de facto têm de ser utilizadas”.
A pandemia determinou que mais produtos descartáveis, de plástico e de outros materiais, fossem utilizados.
Nesse contexto, as áreas governativas do ambiente e da economia estão a trabalhar em conjunto com vista à “reavaliação dos guias de retoma à atividade de alguns setores”, como o da restauração, café e cabeleireiros para reverter algumas das situações que promovam, sem necessidade, o recurso a produtos descartáveis.
Inês dos Santos Costa insiste, nesta entrevista, que o que conta é a “higienização dos produtos”. Dá como exemplo, o caso de uma pessoa, que não sabe que está infetada com Covid-19 “e utiliza um prato de plástico, ao descartar esse prato está a perpetuar o caminho desse potencial contágio ao longo da cadeia de valor. Enquanto que se o prato for automaticamente lavado, a cadeia termina aí”.
A secretária de Estado do Ambiente esclarece que “no âmbito da colaboração institucional, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) disponibilizou à Direção-Geral da Saúde (DGS) o apoio necessário para avaliar opções reutilizáveis aquando da preparação das orientações para as várias fases do desconfinamento”, de modo a que a retoma de algumas atividades se possa optar por materiais, que cumpram os critérios sanitários exigidos, mas com menos impactes ambientais.
Desde o primeiro momento, a área governativa do ambiente tem vindo a chamar a atenção para a necessidade de informar o público sobre a correta deposição de máscaras e luvas descartáveis, tendo em conta as evidências da sua má deposição, inclusivamente o seu aparecimento nas linhas de triagem dos ecopontos.
Inês dos Santos Costa lembra que as “luvas e máscaras descartáveis devem ser depositadas no caixote do lixo comum, não devem ir para o chão, muito menos para o ecoponto”.