08 jul, 2020 - 12:59 • Redação
Marcelo Rebelo de Sousa revelou, esta quarta-feira, que um estudo "parece demonstrar" que não há qualquer ligação entre os transportes ferroviários e o surto de Covid-19 na região da Grande Lisboa.
Após reunião no Infarmed, esta quarta-feira, o Presidente da República sublinhou que os dados mostram que os fatores de maior risco, no que toca à disseminação da doença, são a coabitação e a convicência social.
"A coabitação é o fator mais importante em termos de explicação causal dos surtos surgidos. Logo seguida da convivência social que tem vindo a ganhar importância. Foi apresentado um estudo que parece demonstrar que não há ligação entre o transporte ferroviário e o surto pandémico. É um dado novo que não era conhecido, mas que foi estudado de forma quantificada", revelou o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas.
Mais em detalhe, Marcelo explicou que o estudo mostra que "linhas que à partida se consideraria de risco maior eram de risco escassíssimo, o que quer dizer que do estudo parece decorrer que não está aí o fator causal determinante ou decisivo na propagação na pandemia".
Embora outros fatores existam, "como o fator laboral", o Presidente reforçou que a coabitação "ainda hoje é a explicação apresentada pelos especialistas como dominante" para a propagação do vírus.
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O "R" (taxa de transmissibilidade do novo coronavírus) nacional é de 0,8. A região de Lisboa e Vale do Tejo regista um valor mais baixo: 0,7.
"Olhando para os últimos dias, o que foi dito é que há uma estabilização e uma tendência, embora ligeira, de aparente descida, porventura fruto das medidas tomadas, sendo embora muito cedo para fazer uma avaliação definitiva", referiu o Presidente da República.
Marcelo adiantou, ainda, que o primeiro estudo serológico sobre a eventual capacidade de imunização de quem tem contacto com a pandemia do novo coronavírus estará pronto no final de julho deste ano:
"Seguir-se-ão um estudo a cinco meses e sucessivos estudos de três em três meses. Também foi dado conta de um estudo epidemiológico que levará mais longe o aprofundamento da comparação da situação socio-económica e de atividades socio-económicas entre as várias regiões. Por exemplo, é muito diverso o panorama no distrito do Porto, com a importância da restauração e da atividade industrial, e no distrito de Lisboa, [com a importância] do comércio e da circulação."
Sobre o caso específico da região de Lisboa e Vale do Tejo, o Presidente da República acrescentou que "pesa não apenas o que já se supunha, como o alojamento, mas a própria inserção de comunidades não nacionais". Nomeadamente comunidades africanas, latino-americanas e asiáticas, "com a sua especificidade em termos de condições socio-económicas e de peso em termos da incidência da pandemia".
"Quer isto dizer que as medidas têm de ser específicas, de pormenor, com melhor informação no terreno, melhor análise dessa informação e mais rápida e concreta decisão. Assistimos agora a um exercício de transição entre modelos", explicou, nas mesmas declarações.
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Marcelo Rebelo de Sousa informou que o tempo mediano de internamento, para a Covid-19, está, atualmente, entre os 10 e os 11 dias em enfermaria e os 17 e 19 dias em unidade de cuidados intensivos.
"Para um cenário que se pode considerar relativamente pessimista, de 338 casos diários novos, haveria um número de internamentos, em média de 39, e um cálculo de total de internamentos de 607 em enfermaria e 91 em cuidados intensivos. Bem dentro da capacidade global do Serviço Nacional de Saúde. A Lisboa, corresponderiam 486 e 72, respetivamente", explicou o Presidente da República.
Outro tema abordado na reunião no Infarmed foi a ação do grupo regional de intervenção, na região de Lisboa e Vale do Tejo.
"Apresentou dados sobre o aumento de recursos humanos, mais 40% no terreno, do número de elementos constituindo as equipas de intervenção, da vigilância exercida sobre mais de 1.600 casos específicos individualizados, 421 famílias, e explicou também tudo o que está em curso neste momento", detalhou o Presidente.
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Esta foi, revelou Marcelo Rebelo de Sousa, a última reunião no Infarmed, uma experiência "muito importante", que permitiu "contacto aberto entre especialistas e decisores políticos", com "transparência total".
A experiência termina, entre outras razões, porque "está a passar-se do plano macro para o plano micro" e devido à "convicção de estabilidade da situação e da sua durabilidade", explicou o chefe de Estado.
Esta "transição de modelo", conforme referido, pretende, também, preparar o eventual surgimento de uma segunda vaga da pandemia.
"Por todos estes motivos, parece sensato encerrar este modelo, que cumpriu a sua missão, mas que o tempo mostrou que tem de ser ajustado a novas circunstâncias", completou o Presidente da República.
De acordo com a última atualização da Direção-Geral da Saúde, Portugal regista 1.629 mortes e 29.445 casos de recuperação, dos 44.416 casos confirmados de Covid-19. Atualmente, há 13.342 casos ativos.