13 jul, 2020 - 09:50 • André Rodrigues
Quatro meses e 14 testes depois, Tânia Poço é, até esta segunda-feira, a detentora do caso de Covid-19 mais prolongado em Portugal.
Aos 31 anos, esta mulher de Tavira apercebeu-se dos sintomas iniciais da doença a 12 de março, após uma viagem a França.
Depois de ter estado internada no Hospital de Faro até 24 de março, "pensava sempre que era por mais 14 dias de isolamento profilático e que, depois, ficava tudo resolvido, mas não".
De lá para cá, os quatro meses tornaram-se "demasiado longos".
"Já não tenho sintomas desde o início de abril, os testes continuam a dar positivo. Já tive um negativo e dois inconclusivos, hoje vou fazer o meu 15.º teste", conta à Renascença.
Se o teste der negativo, Tânia terá de aguardar por um segundo rastreio negativo que, finalmente, porá um ponto final na história.
Entretanto, os médicos dizem que "só tenho que ter calma e paciência, que não irei ficar assim para sempre. Na semana passada, fiz análises ao sangue e está tudo bem, os órgãos estão a funcionar bem".
A impaciência levou, inclusivamente, Tânia Poço a contactar o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge para perceber se haveria outra forma de perceber as razões para a persistência do vírus, mas, "até à data, não obtive mais respostas" e o seu caso ainda não foi alvo de estudo.
O pior de toda esta situação é o isolamento forçado e prolongado.
Desde que teve alta do hospital, Tânia Poço vive sozinha.
"O meu marido e os meus filhos tiveram que sair de casa para eu poder vir e, desde essa altura, estou sozinha. Vejo-os através da janela e é o meu marido que me traz as compras a casa, porque não saio nem para fazer os testes".
Quando o vírus passar, a preocupação que se segue é a manutenção do posto de trabalho.
Tânia Poço é funcionária de uma empresa de serviços de impressão em Tavira.
"Até agora, nunca me foi dito nada em contrário. Neste momento, estou de baixa e eles são muito meus amigos por isso, em princípio, tudo indica que irei continuar onde parei".