28 jul, 2020 - 10:40 • Marta Grosso com Lusa
Em plena pandemia, é preciso não esquecer quem precisa de tratamento para a hepatite, alerta Rui Tato Marinho, presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, nesta terça-feira, à Renascença.
“Temos que rapidamente nos organizar, como fizemos com a Covid, em relação a esta nova vertente que tem a ameaça de surgirem mais casos”, afirma.
Tato Marinho lembra que a pandemia alterou o consumo de drogas. “Por exemplo, uma das coisas que Portugal sempre fez muito bem, que era os programas de troca de seringas e os apoios aos consumidores, tornou-se muito mais difícil”, aponta.
“Temos de perceber que, neste momento, temos um potencial problema e temos de começar a olhar para ele também”, reforça o responsável neste que é o Dia Mundial das Hepatites (ou Dia Mundial de Combate à Hepatite).
Em Portugal, estima-se que possam existir 40 mil doentes. Na opinião de Rui Tato Marinho, o número pode crescer.
É, contudo, possível erradicar o vírus da hepatite C até 2030, defende, tal como definiu a Organização Mundial de Saúde (OMS), através do tratamento disponível desde 2015, com taxas de cura de 97%.
Nos últimos cinco anos, 27 mil pessoas iniciaram o tratamento.
Em 2017, Portugal era o 10.º país da União Europeia (UE) com a taxa de mortalidade mais elevada por hepatite. Os números foram divulgados nesta terça-feira pelo Eurostat.
Segundo o gabinete de estatísticas comunitário, aqueles que são os dados mais recentes referentes à doença na União revelam que, "com 33 mortes por milhão de habitantes devido a hepatite, a Itália registou a taxa mais elevada entre os Estados-membros da UE em 2017".
Seguiu-se a Letónia (31 mortes por milhão de habitantes) e a Áustria (19 mortes por milhão de habitantes).
Portugal ocupou a 10.ª posição entre os países da UE com mortalidade mais elevada, ao registar perto de nove mortes por milhão de habitantes.
O Eurostat ressalva, ainda assim, que "para fazer uma boa comparação entre países, o número absoluto de mortes entre países precisa de ser ajustado à dimensão e estrutura da população".
Por outro lado, as taxas de mortalidade mais baixas foram registadas na Finlândia (com menos de uma morte devido a hepatite por milhão de habitantes), seguida da Eslovénia (uma) e da Holanda (duas).
Ao todo, foi reportado um número total de mais de quatro milhões de mortes por hepatite na UE em 2017, dos quais cerca de 5.500 estiveram relacionadas com a hepatite viral.
"Apesar de homens e mulheres serem quase igualmente afetados, aqueles com mais de 65 anos são mais suscetíveis, uma vez que representam quase dois terços destas mortes", conclui o Eurostat.