18 ago, 2020 - 09:15 • Redação
O relatório da comissão de inquérito da Ordem dos Médicos, segundo o "Expresso" teve acesso, indica que o diretor da Administração Regional da Saúde, José Robalo, intimidou médicos com um processo disciplinar depois de estes terem avisado várias vezes para o facto de não haver condições para prestar cuidados aos 84 utentes do lar de Reguengos de Monsaraz onde morreram 18 pessoas.
Ao mesmo jornal, José Robalo confirma que levantou “a possibilidade de um processo disciplinar”, mas para impedir que os médicos se recusassem a trabalhar.
“Na reunião os médicos são informados pelo Dr. Robalo de que devem manter a prestação de cuidados no lar porque, caso contrário, incorreriam em processo disciplinar”, pode ler-se no documento. Em causa está um encontro que aconteceu uma semana depois de o primeiro caso ter sido identificado.
Robalo ao Expresso argumentou que levantou "a possibilidade de um processo disciplinar” nesse encontro. “Se se recusam a tratar um doente do Serviço Nacional de Saúde, neste contexto, pode ser levantado um processo disciplinar. Não pode haver recusa”, disse ao Expresso o diretor da ARS do Alentejo. E acrescenta: “Eu não sei se havia ou não condições” para prestar os cuidados.
À Renascença, o mesmo responsável argumenta que foi ao local duas vezes, mas não esteve juntos dos utentes. "Os profissionais devia ter criado alternativa se consideravam que a condições não eram as melhores para a prestação de cuidados", sublinhou José Robalo.
O Ministério Público está a investigar o caso e já recebeu este relatório, o mesmo que a ministra da Segurança Social confessou que não tinha lido.
A 10 de Agosto, depois de 28 dias sem novos casos positivos, completados no ultimo sábado, o surto de covid-19, em Reguengos de Monsaraz, foi considerado resolvido por determinação da Autoridade de Saúde Pública.
A 8 de agosto, cumpriram-se “dois períodos de incubação livres de novos casos, pelo que, a Autoridade de Saúde Pública considera o surto que eclodiu na ERPI (Estrutura Residencial Para idosos), da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (FMIVPS) totalmente resolvido”, refere o boletim epidemiológico do concelho.
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