19 ago, 2020 - 11:30 • Redação com Lusa
Enquanto as missões internacionais se mantiverem no Mali, Portugal não retira os seus militares daquele país africano, apesar do golpe de Estado. Esta posição oficial foi dada à Renascença pelo Ministério da Defesa.
Portugal tem nesta altura 74 militares da Força Aérea no país africano: 69 ao serviço das Nações Unidas (MINUSMA) e cinco União Europeia (EUTM).
O ministro da Defesa Nacional assegura ainda que militares portugueses “estão todos bem”, apesar da crise naquele país africano, onde um golpe de Estado conduziu à detenção do Presidente e do primeiro-ministro.
“A nossa posição é a de que as transferências de poder devem sempre ser feitas dentro da legalidade constitucional. A fragilidade das instituições é o problema central nessa região de África e, com um golpe militar, ficamos com instituições ainda mais fragilizadas e com uma situação mais precária”, afirmou João Gomes Cravinho, em declarações à rádio Antena1.
Segundo o responsável pela Defesa, no norte do Mali e numa região bastante vasta do Sahel (Gâmbia, Senegal, sul da Mauritânia, norte do Burquina-Faso, sul da Argélia, Níger, norte da Nigéria e dos Camarões, centro do Chade, centro/sul do Sudão e Eritreia) existem movimentos terroristas com alguma capacidade militar e o papel das missões internacionais é combatê-los, consolidando as instituições locais, “trabalho que fica fragilizado com estas movimentações”.
Para esta quarta-feira está marcada uma reunião de urgência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Nova Iorque, para debater o assunto.
O Presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, e o seu primeiro-ministro, Boubou Cissé, foram detidos por militares terça-feira ao final da tarde, durante a revolta. Os amotinados assumiram o controlo de um campo militar e das ruas adjacentes, dirigindo-se então para o centro da capital maliana.
Um dos catalisadores da atual crise política no Mali foi a invalidação, no final de abril, de 30 resultados das eleições legislativas pelo Tribunal Constitucional, incluindo cerca de uma dezena em favor da maioria parlamentar.
A decisão, aliada a fatores como o clima de instabilidade e insegurança sentido nos últimos anos no centro e norte do país, a estagnação económica e a prolongada corrupção instigaram várias manifestações.
O secretário-geral das Nações Unidas, o português António Guterres, fez saber, através do seu porta-voz, que está a acompanhar com "profunda preocupação" a situação, condenando o motim militar.