19 ago, 2020 - 15:10 • Redação
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Dos 1.786 óbitos por covid-19 registados até agora em Portugal, 688 (mais de um terço do total) foram de pessoas que moravam em estruturas residenciais para idosos, revelou a ministra da Saúde, Marta Temido, na conferência de imprensa esta quarta-feira.
Lembrando o caso de Reguengos de Monsaraz, a ministra frisou que este número não é referente a pessoas que morreram em lares. “Muitos dos óbitos ocorreram em hospitais”, explicou.
Os lares, “tema que preocupa todos os portugueses”, têm registado uma “evolução positiva”. Segundo a ministra, estão sinalizadas 2.500 estruturas residenciais para idosos “legais”. A estas, acrescem outras 100 unidades “que não estão licenciadas”, mas que foram referenciadas devido ao contexto pandémico. “Até ao final deste mês, estão previstas cerca mil visitas [de inspeção]” aos lares, revelou.
Das 2600 estruturas, 69 têm casos positivos de covid-19 – o que corresponde a 563 utentes e 225 funcionários. “Já chegámos a ter 365 entidades onde havia casos positivos e 2.500 utentes infetados e mais de mil funcionários infetados”, lembrou.
Relativamente ao caso particular de Reguengos de Monsaraz, Marta Temido garantiu que “as responsabilidades que possam vir a ser apuradas” sobre o surto sê-lo-ão “em sede própria”.
“O Ministério da Saúde, com os documentos que recebeu, acionou a sua estrutura inspetiva, a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, pedindo a avaliação das responsabilidades dos intervenientes na área da saúde”, disse. A IGAS poderá ou não reportar a situação ao Ministério Público, adiantou.
Quanto aos documentos, disse, que era necessário “perceber quais os aspetos que merecem uma responsabilidade específica, designadamente em termos de procedimentos, mas também de responsabilidades eventualmente disciplinares.”
Surtos e a primeira morte de uma criança
Dos 152 surtos registados neste momento, 44 estão situados na região Norte, seis no Centro, 74 em Lisboa e Vale do Tejo, 15 no Alentejo e 13 no Algarve. Já o RT, calculado pelo Instituto Ricardo Jorge e referente ao período de 10 a 14 de agosto, está em 1,01, “um valor ligeiramente abaixo do último apuramento”, disse a ministra.
Dos dois óbitos registados nas últimas 24 horas, um foi o de uma menina de quatro meses. A criança, que nasceu com outra patologia associada, estava internada no hospital Dona Estefânia, no Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central.
A menina contraiu a covid-19 por “transmissão familiar” e tinha uma patologia de base “muito grave": “Nasceu com cardiopatia congénita muito grave”, esclareceu Graça Freitas, diretora-geral da Saúde. A causa da morte foi “choque séptico”, acrescentou, mas o “óbito foi dado como [causado pela] covid-19”.
Plano de inverno
Apesar de a ameaça de uma segunda vaga pairar no ar com a aproximação do inverno, um novo confinamento total em Portugal será “bastante difícil de concretizar”, assumiu Marta Temido.
O Governo irá abordar os surtos de forma “localizada”, tal como tem atuado desde o final do estado de emergência.
MAPA DA COVID-19